Sábado, 22 de junho de 2013
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia
Militar (PM), participavam, por volta das 17h30, do protesto contra a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 na capital paulista. O ato
pede que o Congresso rejeite a proposta que limita o poder de
investigação do Ministério Público. Os manifestantes concentraram-se no
vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e saíram em caminhada às 15h30
pela Avenida Paulista, que ficou bloqueada nos dois sentidos. Até as 18h
não foram registrados incidentes, de acordo com a PM.
O músico Fabian Llado, 22 anos, do movimento Dia do Basta à
Corrupção, convocou a manifestação pelo Facebook. “Este ato já estava
marcado mesmo antes dessas mobilizações das últimas semanas: a PEC 37
seria votada no próximo dia 26. A votação foi adiada, mas resolvemos
manter”, explicou. Ele disse ainda que o movimento do qual faz parte foi
criado na internet há dois anos e tem como pauta de reivindicações o
fim do voto secreto de parlamentares e que a corrupção seja considerada
crime hediondo.
No último dia 20, a Câmara adiou a votação da PEC 37 por falta de
acordo entre procuradores e delegados. As discussões do grupo de
trabalho formado por representantes do Ministério da Justiça, do
Ministério Público e das polícias Civil e Federal para discutir a PEC
terminaram sem consenso. Está marcada para a próxima terça-feira (25)
uma nova reunião dos integrantes do grupo com o presidente da Câmara,
deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Também organizador do ato, o empresário Renan Santos, 29 anos, que
faz do movimento Muda Brasil, criado no início deste mês na internet,
acredita que o tema da corrupção tem grande potencial de mobilização.
“Essa PEC 37 é uma vergonha, porque são os próprios políticos querendo
que haja menos investigação. As pessoas ficam revoltadas com isso”,
declarou.
Embora não tenha sido convocado por organismos do Ministério Público
(MP), o ato contou com a adesão de procuradores e promotores. “A
presença de toda essa gente mostra o anseio da sociedade pelo fim da
impunidade. A sociedade quer mais investigação”, declarou Felipe Locke,
presidente da Associação Paulista do Ministério Público. Ele ressaltou,
no entanto, a necessidade de mais investimentos na Polícia Civil.
A procuradora da república Ana Previtalli, do Ministério Público
Federal em São Paulo, esteve presente no ato e avalia que a pauta ganhou
força nas ruas, porque a PEC 37 representa um risco de que o trabalho
investigação desenvolvido pelos MPs, que tem boa avaliação da sociedade,
seja interrompido. “Já existia uma indignação muito grande em relação à
PEC no âmbito dos Ministérios Públicos. Com a sociedade aderindo agora,
nós temos que estar juntos, por isso, servidores, procuradores,
promotores também estão participando”, disse.
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