Segunda, 9 de setembro de 2013
Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil
Brasília - As agressões feitas a profissionais da imprensa durante a
cobertura dos protestos de 7 de Setembro foram criticadas pela
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pela Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). As entidades contabilizam
pelo menos cinco casos de agressão a repórteres em quatro cidades: Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Manaus.
De acordo com a Fenaj, apesar de ter havido relatos de ameaças
feitas por manifestantes a jornalistas, os maiores problemas foram
causados pela polícia. “Verificamos que há despreparo total da polícia
na contenção desses movimentos. As academias de polícia precisam
reformar seus currículos. Não se pode tratar manifestantes pacíficos e
profissionais em trabalho como se fossem bandidos”, disse à Agência Brasil o diretor de Relações Institucionais da Fenaj, José Carlos Torves.
“Estamos apurando a abrangência e a
gravidade desses casos para nos manifestarmos posteriormente e tomarmos
as medidas necessárias junto às secretarias de Segurança dos estados, à
Secretaria Nacional de Direitos Humanos e ao Ministério Público”,
explicou o dirigente.
Representando 3 mil emissoras privadas de
rádio e televisão no país, a Abert divulgou ontem (8) uma nota de
repúdio à violência contra profissionais da imprensa no Dia da
Independência (7). Segundo a nota, as agressões partiram “tanto de
policiais como de manifestantes, com a intenção de impedir o registro
dos fatos”.
A nota, assinada pelo presidente da entidade, Daniel Pimentel
Slavieiro, considera “inaceitável que se imponha limites, de qualquer
ordem, à atividade jornalística, pelo grave prejuízo que causam ao
conjunto da sociedade, que tem violado seu direito fundamental de acesso
à informação”.
Mais preocupado com os problemas causados
pela Polícia Militar, o diretor da Fenaj disse que os policiais
trabalham “de forma extremamente agressiva” nesses eventos e "costumam
se revoltar" quando suas ações são registradas por jornalistas. “E
quando esses policiais veem câmera, microfone ou o profissional da
imprensa trabalhando, eles usam da agressão na tentativa de evitar
registro do barbarismo que cometem”, completou.
“Eu até entendo quando alguns manifestantes ameaçam jornalistas
porque, no caso, são baderneiros sem nenhum comando que, assim como
agridem jornalistas, praticam vandalismo contra tudo o que aparece. O
que nos surpreende são fatos como o ocorrido ontem em Brasília, quando
agrediram uma jornalista por ela estar de capacete e câmera”, disse José
Carlos Torves.
Também em Brasília, o repórter da Agência Brasil Luciano Nascimento foi agredido com spray
de pimenta e empurrões por três integrantes da PM, no Setor Hoteleiro
Sul. Ele havia testemunhado um soldado da Tropa de Choque atirando bomba
de gás lacrimogênio contra a cabeça de um manifestante e, ao apurar o
ocorrido, foi agredido mesmo após ter se identificado.
Posteriormente, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) divulgou nota de repúdio à agressão
sofrida pelo repórter e o governo do Distrito Federal informou que
solicitará a instauração de sindicância para apurar os fatos.
Segundo o diretor da Fenaj, ações policiais como essas vão contra
algo que já é instituído em praticamente todo o planeta: liberdade de
imprensa e respeito ao trabalho do jornalista.
“No caso dos manifestantes, sabemos que também há casos de
insatisfação com a forma como as notícias são produzidas ou feitas.
Confundem jornalista com a empresa e descarregam a insatisfação na
pessoa que apenas submete seu trabalho aos padrões editoriais da
empresa”, argumentou.