Terça, 8 de julho de 2014
Do IHU
Instituto Humanitas Unisinos
Após a
morte violenta do quilombola Diogo de Oliveira Flozina morto a tiros no
interior de sua residência em 24 de junho de 2011, no povoado de Volta Miúda,
interior de Caravelas, mais uma liderança negra acaba de ser executada, desta
vez no município de Nova Viçosa (BA).
A
reportagem é de Ronildo Brito e publicada pelo jornal eletrônico
Teixeira News, 07-07-2014.
Dias após a
morte de Flozina, um adolescente de 15 anos que estaria na companhia da
vítima, disse à polícia que três homens armados e a bordo de um Volkswagen,
modelo Gol, cor branca, teriam invadido a casa do quilombola, que era casado e
pai de 3 filhos, todos menores e executaram-no com dois tiros no abdômen, por
ocasião que ele assistia TV no sofá da sala da sua casa. Até os dias atuais não
se tem notícia sobre o esclarecimento do crime. Desta feita a vítima foi Paulo
Sérgio Santos, de 42 anos, abatido a tiros no Assentamento Quilombola
Nelson Mandela, onde o mesmo era líder, que fica nas imediações do Povoado de
Rio do Sul, interior de Nova Viçosa.
Até agora o
crime é um mistério e gerou estranheza o fato do delegado Samuel Martins,
titular da Polícia Civil do município, não comparecer ao local do assassinato e
sequer ter requerido a perícia de local. Sem levantamento cadavérico e perícia
de local o corpo acabou sendo removido para o IML de Teixeira de Freitas
por uma funerária. Essa medida é considerada uma ilegalidade e revoltou
familiares da vítima e os demais assentados da área, que por sinal é alvo de
batalha judicial entre os quilombolas e a Fibria.
O
assentamento que era comandado pelo quilombola Paulo Sérgio Santos, de
42 anos, é uma gleba de demanda judicial, pois as terras, segundo os
assentados, estão em poder da Fibria Celulose, apesar dos ocupantes
dizerem que a área pertenceu aos seus ancestrais, tanto que possuiriam
documentos da União que comprovariam a propriedade quilombola, inclusive com
documento extraído do Diário Oficial Federal.
Diante do
crime os demais assentados dizem que estão com medo e informaram que o quilombola
morto participaria de uma reunião nesta segunda-feira (7), onde a propriedade
das terras do assentamento seria mais uma vez discutida. Até mesmo o número de
disparos que atingiram o corpo da vítima não foi possível levantar, dada à
ausência de perícia de local. Apenas uma guarnição da Polícia Militar esteve no
lugar e chegou a resguardar o corpo da vítima, mas como a perícia não foi
solicitada, teve que deixar o assentamento para que a funerária fizesse o
translado do corpo para o IML.
A motivação
e autoria do crime são desconhecidas e é aguardado um pronunciamento do
delegado Samuel Martins, titular de Nova Viçosa, quando o mesmo deve
explicar os motivos da ausência da Polícia Civil no cenário de um crime com
característica de execução.