Quinta, 10 de julho de 2014
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Uma manifestação pelo fim da violência policial contra os
movimentos sociais interrompeu o trânsito em frente à Secretaria de Estado de
Segurança Pública de São Paulo (SSP) na noite de hoje (10). Concentrados no
Largo São Francisco, centro da capital, militantes de diversos movimentos
sociais acabaram conseguindo uma reunião com a assessoria do secretário,
Fernando Grella. Participaram do ato a Central de Movimentos Populares, o
Centro de Direitos Humanos – Gaspar Garcia, a Frente de Luta por Moradia e a
União dos Movimentos de Moradia da Grande São Paulo e Interior.
Uma comissão de dez ativistas apresentou à secretaria sete
casos em que, segundo os movimentos, houve excesso na ação policial. “A gente
precisa definitivamente mudar os padrões da Polícia Militar (PM),
principalmente no que diz respeito aos grupos mais vulneráveis: famílias
sem-teto, população em situação de rua. Pessoas que às vezes precisam do apoio
da polícia e são violentadas e agredidas”, ressaltou Benedito Barbosa, advogado
do Centro Gaspar Garcia.
Barbosa foi agredido ao prestar assistência a famílias
despejadas em uma reintegração de posse na Rua Aurora, centro paulistano, no
último dia 25. “Cheguei por volta das 7h. A conselheira tutelar me
informou que as famílias estavam sendo agredidas pela polícia, porque as portas
estavam sendo derrubadas e tudo mais. Eu fui na porta para tentar entrar no
local. Eles disseram que eu não ia entrar. Quando eu me dirigi até a porta,
para entrar, eles me pegaram pelo pescoço, num mata-leão”, relatou. A agressão
contra o advogado foi um dos casos que motivou o protesto de hoje.
No encontro, ficou acertada uma nova reunião para
segunda-feira (14) onde serão estabelecidos os termos para uma audiência
pública em que os problemas serão discutidos não só com Grella, mas também com
o Comando da PM. “Porque passar só com o secretário acaba virando só uma
conversa. O pessoal quer que a decisão chegue na ponta, porque entre o
discurso e a ponta tem muita contradição”, explicou o militante do Centro
Gaspar Garcia, Luiz Kohara.
A garoa e o frio fizeram com que o coletivo Se Não Tiver
Direitos, Não Vai Ter Copa cancelasse outro protesto marcado para acontecer na
Praça Roosevelt, também no centro, na noite de hoje. A manifestação iria cobrar
a libertação de Fábio Hideki e Rafael Marques, presos em um protesto contra os
gastos para realização da Copa do Mundo no dia 23 de junho.
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