Segunda, 20 de julho de 2015
Andre Richter – Repórter da
Agência Brasil
O
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu hoje (20) ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão da ação penal em que ele foi citado
por Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato. A questão será
decidida pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, devido ao período de
recesso na Corte.
Na
semana passada, Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal, disse,
em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que Eduardo
Cunha pediu US$ 5 milhões de propina para que um contrato de navios-sonda da
Petrobras fosse viabilizado. Durante a oitiva, Camargo comprometeu-se a
falar a verdade por ter assinado acordo de delação premiada.
Os
advogados pediram a suspensão do processo por entender que cabe ao Supremo
presidir o inquérito, em função da citação do presidente da Câmara, cujo cargo
tem prorrogativa de foro. Cunha já é investigado em um inquérito aberto no STF
para apurar se apresentou requerimentos para investigar empresas que
pararam de pagar propina.
Na ação em que Cunha foi citado, são réus o ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o
empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado de
arrecadar propina, e Júlio Camargo.
“No quadro exposto nessa petição, é evidente a
usurpação de competência do Supremo Tribunal Federal por parte do Juízo
reclamado ao proceder investigações em face do reclamante, a demandar urgente
adoção de providências por essa egrégia Suprema Corte”, argumentou a defesa.
Após a divulgação do depoimento, Cunha voltou a negar
que tenha recebido propina de Júlio Camargo. “Qualquer coisa que seja a versão
que está sendo atribuída é mentira. É mais um fato falso, até porque esse
delator [Camargo], se ele está mentindo, desmentindo o que ele delatou, ele por
si só já perde o direito à delação”, disse na ocasião.