Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil
A poucas horas de fazer um pronunciamento em
cadeia nacional de TV, previsto para as 20h30 de hoje (17), o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou rompimento com o
governo e disse que, como político, vai tentar no Congresso do PMDB, em
setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho. Cunha disse que, apesar
da decisão, vai manter a condução da Câmara dos Deputados "com
independência".
A decisão foi motivada pela acusação de que o peemedebista
teria recebido US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de
navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal, segundo denúncia feita
pelo empresário Júlio Camargo em depoimento ontem (16) ao juiz Sérgio Moro, da
13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava
Jato.
Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo
de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato]
é uma orquestração do governo", disse. Ele lembrou que, desde junho, o
Executivo iniciou uma "devassa fiscal" em suas contas. "Esse
tipo de devassa, de cinco anos, é um constrangimento para um chefe de
Poder".
O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por
ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar,
tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de
investigação para o STF. "O juiz não poderia conduzir o processo daquela
maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o
Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país".
Ontem (16), o presidente da Casa disse que está tranquilo
e não teme acusações. Ele já havia negado seu envolvimento no esquema
investigado pela Lava Jato e acusou o Planalto de articular contra o Congresso
Nacional, diante das mobilizações em torno de um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo ele, Camargo foi “obrigado” a mentir sob orientação do procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, e deve perder o direito à delação porque está
dando uma versão diferente do que havia dado anteriormente.
O peemedebista lembrou que, desde a divulgação da lista de Janot com nomes de políticos suspeitos de participar de
irregularidades na Petrobras, tem “estranhado” o envolvimento de seu nome e
voltou a afirmar que há uma clara motivação política.
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