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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Ajuste do Levy defende grandes bancos e fundos de investimento. Palavra do PT

Segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Por Celso Lungaretti

 

Centro de estudos criado e mantido pelo PT, a Fundação Perseu abramo lança hoje (2ª feira, 28) uma verdadeira catilinária contra a política econômica do governo de Dilma Rousseff.
Trata-se do volume inicial do estudo "Por Um Brasil Justo e Democrático", que é assinado também por outras cinco entidades e expressa de forma contundente o repúdio da cúpula dirigente do PT à opção neoliberal de Dilma, como se constata nestes trechos:

"A lógica que preside a condução do ajuste [ou seja, o arrocho fiscal do Joaquim Levy] é a defesa dos interesses dos grandes bancos e fundos de investimento. Eles querem capturar o Estado e submetê-lo a seu estrito controle, privatizar bens públicos, apropriar-se da receita pública, baratear o custo da força de trabalho e fazer regredir o sistema de proteção social"

"O ajuste fiscal em curso está jogando o país numa recessão, promove a deterioração das contas públicas e a redução da capacidade de atuação do Estado em prol do desenvolvimento. Mais grave é a regressão no emprego, salários, no poder aquisitivos e nas políticas sociais".
O documento também acusa o pacote fiscal de deteriorar o ambiente econômico social, enfraquecendo o governo e amplificando "a crise política e as ações antidemocráticas e golpistas em curso", daí a premência de se "retirar o país da desastrada austeridade econômica".
É evidente que o fogo amigo não ajudará a salvar o agonizante governo de Dilma. Então, presumo que o partido esteja fazendo uma opção por sua sobrevivência, independentemente da sobrevivência ou não de Dilma.2.
Pegaria mal mandá-la às urtigas, mas o PT deixa claro que não avaliza o abandono de suas bandeiras históricas e conversão oportunista à ortodoxia econômica do capitalismo.
Pois, pior do que a destituição de Dilma será seu defenestramento como uma reles neoliberal. Aí o prejuízo será total e enorme a dificuldade para o PT juntar os cacos no day after.
Portanto, o partido --com visível anuência, ou até instigação, por parte do Lula-- está definindo os limites do seu apoio à Dilma.

O recado nas entrelinhas é: se quer nosso apoio incondicional, livre-se do Levy e mude a política econômica; caso contrário, só vai ter apoio parcial e caberá a nossos seguidores a avaliação de se compensa suarem sangue para salvar um governo que prioriza "a defesa dos grandes bancos e fundos de investimento".
Para quem já está com a popularidade na casa de um dígito, é mais um empurrão ladeira abaixo.
Merecido: a teimosia de Dilma é tão exacerbada quanto sua incompetência. Empacou na ingênua presunção de que os Setúbals & Trabucos da vida evitarão sua degola e vai manter tal aposta desastrosa contra todas as evidências, até o mais amargo fim.