Quarta, 9 de setembro de 2015
Da Agência
Lusa / Agência Brasil
A Europa registou níveis “inaceitáveis” de desigualdade em
2015, com um quarto da população da União Europeia (UE) vivendo em risco de
pobreza e de exclusão social. A conclusão está em um relatório da organização
não-governamental Oxfam, apresentado hoje (9) em Madri.
Segundo os dados do estudo intitulado “Europa para a
maioria, não para as elites”, 123 milhões de pessoas vivem atualmente em risco
de pobreza na região, enquanto 342 cidadãos europeus são considerados
bilionários. O estudo da Oxfam qualificou os atuais níveis de desigualdade na
UE como uma “injustiça inaceitável”.
“O diagnóstico da Oxfam está correto: os níveis de pobreza e
de desigualdade na Europa, agravados pela crise econômica e pelas medidas de
austeridades, são inaceitáveis. É hora de se adotarem medidas com o objetivo de
promover a recuperação do investimento e do emprego, bem como para cicatrizar
as feridas abertas pela perda em massa de postos de trabalho, pela redução dos
salários reais e pelos cortes nos serviços públicos, especialmente em países
como a Grécia, Espanha e Portugal, mas também em toda a Europa”, escreveu
Stephany Griffith-Jones, conceituada especialista da universidade
norte-americana de Columbia, no preâmbulo do relatório.
Em 2013, cerca de 50 milhões de pessoas no bloco europeu não
conseguiam satisfazer suas necessidades materiais básicas, o que representou
aumento de 7,5 milhões de pessoas em relação aos dados de 2009. Este cenário
atingia então 19 dos 28 Estados-membros, incluindo Portugal, Espanha, Grécia,
Irlanda e Itália.
No mesmo período, o número de bilionários aumentou de 145
para 222 e continuou a crescer até hoje, para os atuais 342. Cerca de 85% dos
bilionários do espaço comunitário são homens com mais de 60 anos. Além disso,
entre 2010 e 2013, o setor dos bens de luxo na Europa registou um aumento de
28%.
O grau de desigualdade econômica e de concentração de rendas
variam em cada país do bloco, mas a Bulgária e a Grécia registram os piores
resultados em quase todos os indicadores analisados para determinar o risco de
pobreza.
A Grécia apresenta uma das diferenças mais amplas entre as
rendas das classes mais ricas e das classes mais pobres, bem como elevada taxa
de desemprego. O Reino Unido tem o nível mais elevado de desigualdade salarial.
Em contraste, os países mais igualitários da União Europeia
são a Eslováquia, Malta, República Tcheca e a Eslovênia.
Os valores mais altos de pobreza na população ativa
verificam-se na Romênia e na Grécia, mas os dados mostram que estão aumentando
em outros países, como a Alemanha.
A diferença salarial por gênero também continua sendo uma
realidade na Europa e são as mulheres da Alemanha, Áustria e República Tcheca
que têm as maiores disparidades salariais na comparação com os trabalhadores do
sexo masculino.