Quarta,
6 de janeiro de 2016
Felipe Pontes - Repórter da Agência
Brasil
Na terça-feira (5), dia em que se completaram dois meses do
rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), o tamanho da mancha de lama
que se espalha pela superfície do mar do Espírito Santo, a partir da foz do Rio
Doce, triplicou de tamanho em relação a domingo (3), e não há prazo para que os
rejeitos de minério deixem de ser despejados no litoral.
Mancha de lama na foz do Rio Doce voltou a crescer e atinge
agora 66,6 km² Paulo de Araújo/MMA
O acompanhamento é feito pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Estadual de Meio
Ambiente (Iema), órgão ambiental do Espírito Santo.
Apesar de ter apresentado um recuo de cerca de 90% entre 29
de dezembro e o último domingo de 168 quilômetros quadrados (km²) para 19,3
km², a dimensão da mancha voltou a crescer no dia seguinte, atingindo 66,6 km².
O comportamento errático da mancha de lama, que chegou à
costa no dia 21 de novembro, se deve a fatores como a incidência de chuvas ao
longo da bacia do Rio Doce, a direção dos ventos no litoral e o comportamento
das marés, de acordo com o Ibama.
Para o professor de engenharia costeira da Instituto Alberto
Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) Paulo
Rosman, não há prazo para que o rejeito de minério deixe de ser despejado na
costa do município de Linhares (ES), devido à enorme quantidade de lama que
ficou depositada nas margens do Rio Doce e de seus afluentes, alguns dos quais
foram invadidos pela lama por mais de 80 quilômetros.
Aumento da lama na foz do Rio Doce a deve a fatores como a
incidência de chuvas ao longo da bacia do Rio Doce e o comportamento das marésFred
Loureiro/Secom ES
“Vai depender da velocidade em que essas margens vão ser
revegetadas, de modo a consolidar esse material onde está, caso contrário,
sempre que chover forte no alto e médio Rio Doce, vai ser observado um aumento
significativo do material em suspensão despejado no mar”, explicou o pesquisador.
“O rio vai continuar barrento por muito tempo.”
Outro fator capaz de acelerar a dispersão da lama de
rejeitos seria uma ação de desassoreamento do Rio Doce, diz o secretário do
Meio Ambiente do Espírito Santo, Rodrigo Júdice. Ele, no entanto, responsabiliza
a Samarco, empresa dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) no dia 5 de
novembro, pela elaboração da medida.
“Eles não ficaram totalmente inertes, mas o que a gente
questiona é a dimensão do esforço ante a magnitude do problema”, disse o
secretário. A Samarco ainda não encaminhou aos órgãos ambientais do estado um
plano emergencial de mitigação de danos ambientais, conforme determinou a
Justiça de Minas Gerais no fim de novembro.
A Samarco disse que ainda trabalha na elaboração de um plano
de mitigação de danos ambientais, por meio da contratação de uma consultoria
especializada.