Segunda, 1º de janeiro de 2016
Da Tribuna da Internet
Carlos Chagas
Em 1963, ao recuperar seus poderes de presidente da República, João
Goulart desenvolveu intensa campanha pelas reformas de base,
interrompida por sua deposição pelos militares. Naqueles idos,
estimulado pelas esquerdas, era pelo que a maioria do país clamava:
participação dos empregados no lucro das empresas, salário-família,
estatização das indústrias ligadas ao desenvolvimento, reforma agrária
com a extinção dos latifúndios, voto do analfabeto e dos subalternos das
forças armadas, fim do ensino privado, limitação da remessa de lucros e
outras iniciativas de caráter socializante. Nos meios de comunicação só
se falava das reformas, que as elites engoliam, mesmo já conspirando
contra o governo.
O vento mudou de rumo, as reformas foram para o espaço, conquistas
sociais estabelecidas desde os tempos de Getúlio Vargas acabaram
revogadas, como a estabilidade no emprego.
Pois não é que volta-se a cogitar das reformas? Só que de cabeça para
baixo. Ao contrário, apesar de o rótulo permanecer. As elites querem
completar sua obra, extinguindo o que sobrou do desmonte, ironicamente
com o silêncio e até com apoio das massas. Ou de seus ditos
representantes.
MUDAR A PREVIDÊNCIA
Vão reformar a Previdência Social, mas para reduzir pensões e
aposentadorias, sob o argumento de que dão prejuízo. Aplicam o
raciocínio de que tudo deve dar lucro e também vão revogar a indexação
salarial, expediente adotado pelos governos militares para o povo não
morrer de forme, ou seja, os salários vinham sendo corrigidos de acordo
com a inflação. Não será mais assim. Pior para o assalariado. Também
anunciam a flexibilização dos direitos do trabalhador, que significa
poder o empregador ditar as regras de trabalho sem obrigações. Atuará de
acordo com o mercado, podendo suprimir indenizações e pagando o que bem
entender.
Convenhamos, existem reformas e reformas. Vivemos o período das
maldades reformistas. E sob a égide de um governo pretensamente do
Partido dos Trabalhadores, agora empenhado em aumentar e criar novos
impostos, como se administração pública não se assemelhasse ao sistema
dos vasos comunicantes que aprendíamos nas primeiras aulas de física. Se
a Previdência Social dá prejuízo – e não dá – o Imposto de Renda dá
lucro.