Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Mãe civilizadora

Janeiro
23 
Mãe civilizadora
Em 1901, no dia seguinte ao último suspiro da rainha Vitória, começaram em Londres suas solenes pompas fúnebres.
A organização não foi fácil. Merecia uma grande morte essa rainha que havia dado nome a toda uma época e tinha deixado exemplo de abnegação feminina vestindo luto, durante quarenta anos, em memória de seu falecido marido.
Vitória, símbolo do império britânico, dona e senhora do século XIX, havia imposto o ópio na China e a vida virtuosa em sua nação.
No centro de seu império, eram leitura obrigatória as obras que ensinavam a respeitar as boas maneiras. O Livro de etiqueta, de Lady Gough, publicado em 1863, desenvolvia alguns mandamentos sociais da época: era preciso evitar, por exemplo, a intolerável proximidade dos livros de autores com os livros de autoras nas prateleiras das bibliotecas.
Os livros só podiam se juntar se o autor e a autora estivessem unidos em matrimônio, como era o caso de Robert e Elizabeth Barrett Browning.

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”,
2ª edição, folha 37, editora L&PM.