Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Mãe de quilombola morto em 2017 pede ajuda ao MPF para esclarecer assassinato do filho.

Quinta, 30 de janeiro de 2020
Do MPF
Assassinos de Binho do Quilombo e de outros 19 quilombolas mortos entre 2013 e 2017 permanecem impunes
Foto mostra as quilombolas de frente, ao lado esquerdo da imagem, e o subprocurador-geral da República e coordenador da 6CCR, Antonio Bigonha, à direita, de costas
Foto: Zeca Ribeiro/Secom/PGR
O aumento da violência e a impunidade de crimes praticados contra quilombolas no Brasil foi pauta de reunião realizada na Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR/MPF) nessa quarta-feira (29), em Brasília. Bernadete Pacífico, da Comunidade Quilombola Pitanga dos Palmares, localizada na cidade de Simões Filho, região metropolitana de Salvador (BA), pediu ajuda do órgão para esclarecer o assassinato de seu filho, Binho do Quilombo, ocorrido em setembro de 2017.

O líder quilombola Fabio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, é um dos 20 quilombolas que foram assassinados entre 2013 e 2017, cujos crimes permanecem impunes. Segundo Bernadete, o filho era uma pessoa conhecida, querida e “atuante na defesa dos direitos dos moradores do quilombo”. Para ela, a morte do filho está ligada a sua atuação contra a instalação de um aterro sanitário na região, que impactara diretamente a vida dos quilombos próximos.
O subprocurador-geral da República e coordenador da 6CCR, Antonio Bigonha, esclareceu que o caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público Federal na Bahia. "A Procuradoria da República na Bahia informou que os inquéritos foram unificados – das polícias Civil e Federal – e que a PF está realizando diligências”. Bigonha informou, ainda, que enviará outro ofício à Procuradoria solicitando novas informações sobre o andamento das investigações.
Pesquisa feita pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq) e pela organização não governamental Terra de Direitos mostrou que a violência contra quilombolas tem crescido nos últimos anos. Somente em 2017, o número de assassinatos aumentou 350% em relação ao ano anterior. “Infelizmente, a impunidade é a regra nesses casos, o que contribui para a perpetuação das violações”, afirmou a Conaq em documento enviado à 6CCR, em julho do ano passado.
Durante a reunião, foram debatidos, ainda, a regularização do território quilombola, a precariedade das estradas e os impactos ambientais decorrentes da abertura de poços e do lixão instalado na região. Também foi discutida a relação da comunidade com empresas responsáveis por empreendimentos próximos ao quilombo.