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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

ARTIGO: Redobremos nossos esforços rumo a um mundo com igualdade de gênero; Dia Internacional da Menina (11 de outubro)

 Segunda, 12 de outubro de 2020

  • Em artigo, a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Natália Kanem, afirma que, com demasiada frequência, as vozes de  meninas são silenciadas em casa, nas escolas e em âmbito público.
  • "Para milhões de meninas no mundo, esse silêncio se impõe por meio da mutilação genital feminina, do casamento infantil e de outras práticas nocivas. Essas práticas não apenas violam a integridade e a autonomia corporal de uma menina; mas também roubam a confiança e a capacidade para tomar decisões informadas sobre sua vida." Leia o artigo completo.  
Diretora-executiva do Fundo de População da ONU, Natália Kanem. Foto: UNFPA/Divulgação

Por Natália Kanem*

Toda menina tem o direito de falar e ser ouvida. Hoje, neste Dia Internacional da Menina (11 de outubro), comprometemo-nos a escutar e fazer ouvir as vozes das meninas.

Com demasiada frequência suas vozes são silenciadas em casa, nas escolas e em âmbito público. Para milhões de meninas no mundo, esse silêncio se impõe por meio da mutilação genital feminina, do casamento infantil e outras práticas nocivas. Essas práticas não apenas violam a integridade e a autonomia corporal de uma menina; mas também roubam a confiança e a capacidade para tomar decisões informadas sobre sua vida. 

Acontecem em um momento. Suas consequências duram toda uma vida.

E estão acontecendo neste mesmo instante, no meio da pandemia da COVID-19. Um estudo feito pelo UNFPA e diversos parceiros mostra que a pandemia pode resultar em 13 milhões de casamentos infantis e 2 milhões de casos de mutilação genital até 2030, de maneira adicional aos milhões de casos que já se esperava que acontecessem. A gravidez não intencional na adolescência está aumentando. As meninas que se encontram em situação de confinamento e não estão frequentando a escola são altamente vulneráveis a essas situações prejudiciais.

Com a Agenda do Desenvolvimento Sustentável como nosso guia, necessitamos fazer um melhor trabalho para assegurar de não deixar nenhuma menina para trás. Não podemos permitir que a crise atual tire dos trilhos o futuro de toda uma geração. Redobremos nossos esforços rumo a um mundo com igualdade de gênero, em que toda menina tenha o poder de tomar decisões informadas sobre seu corpo e sua vida.  

Se conta com as habilidades e o conhecimento adequado, cercada por um lar pacífico, uma escola segura e uma comunidade que a apoia, e com todas as proteções da lei e instituições encarregadas de garantir seus direitos, ela terá todas as ferramentas para prosperar.

À medida em que as adolescentes efetuam a transição de meninas a mulheres, sua saúde e seus direitos sexuais e reprodutivos adquirem uma relevância ainda maior. Com a capacidade recém-descoberta para tomar decisões sobre seus corpos, suas vidas e seu mundo, e o desejo de fazê-lo, elas estão erguendo a voz para expressar suas necessidades e sonhos. É hora de escutá-las. 

*Diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)