Terça, 13 de outubro de 2020
Por Helio Fernandes*
Existiram três Jânio Quadros. 1- O eleitoral. 2- O político. 3- O pessoal. O primeiro foi um fenômeno, fez uma carreira inigualável a vereador pelo então PDC, ficou como primeiro suplente.
Em 1948 o Partido Comunista teve o registro cassado, seus representantes foram cassados, insatisfeito, Franco Montoro renunciou, Jânio assumiu.
(No então Distrito Federal os vereadores Carlos Lacerda e Adauto Cardoso, que travaram debates diários com os comunistas, como protesto, renunciaram também).
Jânio foi de vereador a Presidente da República em 12 anos, sem derrota, inacreditável. Deputado Estadual, prefeito da capital, governador de 1954 a 1958, ainda ficou 2 anos esperando para ser presidente.
Como político usou e abusou de todos os truques, numa época irreal ele se aproveitou para enganar sem constrangimento o cidadão-contribuinte-eleitor. Fingia, enganava, andava sempre mal vestido e com as roupas cheias de caspa.
Era uma espécie de “malabarista de Nossa Senhora”, como no conto famoso de Aníbal Machado, cujo irmão Cristiano foi candidato a presidente em 1950, traído pelo PSD e PTB.
Do ponto de vista pessoal era intratável, desprezava a todos se julgava melhor do que todos. Na campanha presidencial de janeiro a outubro de 1960, renunciou varias vezes nos bastidores, desaparecia súbita e inesperadamente, surgia ou reaparecia da mesma forma.
Deve a presidência e Carlos Lacerda que o manteve apesar de tudo. O depois governador da Guanabara, líder e “dono” da UDN, garantiu sua candidatura, imaginem, derrotando o próprio presidente do partido, general, governador, interventor, ministro, Embaixador, Juracy Magalhães.
Praticamente tudo que aconteceu depois se deve á leviandade de Jânio. E jamais consegui explicação. Podia ter feito um excelente governo, ficar cinco anos e voltar, era mocíssimo.
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*Fonte: Blog Oficial do Jornal Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor.