Sábado, 2 de junho de 2012
Da Tribuna da Internet Paulo Peres
Para acordar a população diante dos inúmeros crimes praticados por
alguns políticos e sua trupe, será lançada a campanha Não Aceito
Corrupção, uma iniciativa do Movimento do Ministério Público Democrático
(MPD), que criou um 0800 para quem estiver interessado em receber
propina. A peça, que será veiculada em veículos impressos, trará apenas a
mensagem “aceito propina” e um número telefônico, mas ao invés de pedir
a conta bancária do interessado, o locutor do outro lado da linha dará
uma “lição de moral” a quem se atrever a ligar.
Segundo Augusto Diegues, diretor da agência Flag Comunicação,
responsável pela campanha, o objetivo da ação – que contará ainda com
filmes para TV e cinema, peças para a internet e spots de rádio -, foi
chamar a atenção para um problema que não está restrito a Brasília.
Diegues explica que “a ação foi pensada no final do ano passado,
muito antes dessa crise (do CPI do Cachoeira, que investiga a ligação de
políticos com o jogo do bicho). Daqui a pouco acaba essa CPI, e aí, o
que fazemos? Então quisemos, além de chamar a atenção, mostrar que é
possível fazer alguma coisa para diminuir a corrupção no País.”
Nas próximas semanas, serão veiculados dois filmes de 30 segundos na
TV, produzidos pela O2 Filmes, sob a direção de Quico Meirelles, filho
do cineasta Fernando Meirelles. A ideia foi retratar como as pequenas
ações, atribuídas ao “jeitinho brasileiro”, causam estragos na
sociedade.
“Ao mostrar a corrupção no meio privado tentamos aproximar o tema da
população, que muitas vezes ignora seu papel na solução desse problema”,
afirma Quico, lembrando que tanto a produtora quanto a agência
desenvolveram o trabalho gratuitamente. “Todos abraçaram a causa, desde
os atores até o buffet (que serviu o coquetel no evento de lançamento,
em São Paulo), então existe um engajamento muito bacana”.
Para o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Márcio Fernando
Elias Rosa, a iniciativa “é oportuna e atemporal”, e deve ser abraçada
pela sociedade civil como um todo. “O combate à corrupção não é um
problema contemporâneo. Lamentavelmente, é um problema permanente e de
todos”.
É muito difícil uma campanha desta atingir o objetivo esperado, mas como diz o poeta, surge como a “esperança na esperança”.