Segunda, 11 de maio de 2012
Por Ivan de Carvalho

Com a decisão tomada pelo
PP de não lançar candidato próprio à prefeitura e apoiar o candidato petista,
Pelegrino ganhou três prendas.
Uma, o apoio do PP, com o que ele pode agregar de
tempo à propaganda eleitoral dita gratuita no rádio e na televisão para sua
chapa.
Outra, a malvada extinção da candidatura do
deputado João Leão, ex-chefe da Casa Civil do prefeito João Henrique e que
deixou o cargo para habilitar-se à candidatura a prefeito, que então contava
com o apoio aparentemente firme do chefe do Executivo municipal.
O PP, como partido, obteve dois ganhos. Um, maior
integração e, supõe-se, influência na coalizão de partidos formada em torno do
governador. Outra – a julgar por todos os indícios, apesar do esperneio
periférico –, a vaga para vice-prefeito na chapa de Pelegrino, a ser ocupada
pelo ex-secretário de Transportes e Infraestrutura de Salvador, José Mattos.
Apesar disso, o PP sofreu um prejuízo – perdeu a oportunidade de, com a candidatura
e a campanha de João Leão, mesmo para não ganhar as eleições, plantar semente
no eleitorado da capital.
Não é, porém, somente o que já foi mencionado que
fortalece a candidatura de Pelegrino. É que esta já contava com uma retaguarda
em que se incluem as máquinas estadual e federal. Agora, em tese, com o apoio
do PP, partido do prefeito João Henrique, acrescenta a máquina pública
municipal – a terceira prenda. Digam o que disserem, as máquinas contam.
Mas porque em tese? Bem, em março, a bancada
municipal do PT ratificou a decisão da Executiva municipal petista para que
sejam rejeitadas as contas do prefeito. Ainda as de 2010. Está registrado na
mídia da época. Inclusive um monte de razões dadas pelo líder do PT, Henrique
Carballal, para justificar a rejeição. Até hoje as contas não foram votadas.
Quando serão? E qual a posição que terá a bancada do PT agora, se o PP, partido
do prefeito, passou a ser seu aliado em nível municipal? Se a bancada do PT
mantiver a posição, pode ser que o prefeito resolva cuidar de sua vida de
prefeito e esqueça – junto com a máquina – a campanha eleitoral de Pelegrino.
Mas, claro, a Executiva e a bancada do PT podem fazer uma releitura do parecer
do Tribunal de Contas e reformular sua posição. Mesmo assim, ficaria ainda
faltando saber se o PT vai, na campanha, defender a administração João
Henrique, mas ora vejam só!...
Tem mais sucessão. Ontem, a convenção do PDT
decidiu não decidir. O partido está divido em três correntes. Uma quer apoiar
Pelegrino, outra ACM Neto e outra prefere lançar candidato próprio, que seria
Félix Mendonça Jr.. O deputado Marcos Medrado já fugiu da raia, como de hábito.
Então anunciaram que vão lançar candidato próprio ou indicar o vice de algum
candidato (Pelegrino ou ACM Neto) a que se aliarem. Mas Pelegrino já tem vice.
Aliás, antes de José Mattos, seu vice, tido mas
não mantido, foi o deputado Alan Sanches, muito bem votado em Salvador e
ex-presidente da Câmara Municipal, onde fez gestão bem avaliada. Mas o PSD,
atual partido dele, tem uma capacidade de autoimolação inesgotável. Não sei se
é também o caso do PSL, que condiciona (de verdade ou para barganhar espaço)
apoio a Pelegrino só se puder indicar o deputado Deraldo Damasceno para
candidato a vice-prefeito. E o PSB?
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.