Quarta, 13 de junho de 2012
Por Ivan de Carvalho

O deputado Marcelo Nilo,
com a antecipação de uma posição que poderá ou não se concretizar no futuro, a
depender do rumo que seu partido adote na sucessão municipal na capital, busca
certamente exercer algum nível de pressão política para influir na opção que o
partido se prepara para fazer entre quatro alternativas teóricas – apoio a ACM
Neto, apoio a Nelson Pelegrino, lançamento de candidato próprio a prefeito ou
apoio a algum dos outros candidatos a prefeito.
Sabe-se, no entanto, que o
PDT não está examinando a quarta dessas alternativas, ou seja, o que chamei de
“apoio a algum dos outros candidatos a prefeito”. Vacila entre as três
primeiras.
Volto a Marcelo Nilo,
atualmente exercendo o terceiro mandato consecutivo de presidente da Assembléia
Legislativa, com a eleição para o quarto mandato em sua pauta política e
aspirante declarado ao governo do Estado, desde que, segundo ele mesmo definiu,
se reunir as condições que o levem a receber o apoio do governador Jaques
Wagner.
Marcelo Nilo afirma que não
tem nada de pessoal contra ACM Neto, considerando-o “um deputado de valor, bom
tribuno, preparado”, mas lembra que combateu o carlismo durante 16 anos na
Assembléia Legislativa e avisa que “não será agora, que afinal o carlismo está
em estágio terminal, que eu vou estender-lhe a mão para ajudá-lo a
soerguer-se”.
Marcelo Nilo, que defende o
apoio do PDT ao petista Nelson Pelegrino, diz que não viu “ninguém defendendo o
apoio a ACM Neto na convenção do partido” realizada no domingo em Salvador. “Vi
a maioria defendendo candidatura própria. Aceito esta hipótese, como aceito o
apoio do partido a qualquer outra candidatura, exceto à candidatura de ACM Neto,
pois aceitar isto seria jogar fora toda minha história política oposicionista.
Não posso, isso ultrapassa o meu limite. Se acontecer, prefiro, até sentindo
muito, e com risco para o meu mandato, sair do partido, e acho que muitos
sairão, não somente eu”, afirmou.
Marcelo Nilo assinala ainda
que, quando entrou no PDT, este era um partido aliado do governo Jaques Wagner
e isto foi fundamental para optar pela legenda ao deixar o PSDB, “exatamente
quando este se aliou ao carlismo”. E completa: “Confio no presidente Lupi,
confio no presidente Brust, mas entrei em um partido que tinha lado e se ele
mudar de lado fico impossibilitado de permanecer”. Lupi é o presidente nacional
do PDT, Brust, o estadual. Em tempo: o DEM oferece ao PDT a vice na chapa de
Neto. Pelegrino não pode, porque o vice de sua chapa deve ser do PP.
Resolução do TSE
referendada pelo STF diz que o mandato é do partido, não do mandatário e que o mandatário
que mudar de legenda sem justificativa pode perder o mandato. As justificativas
são duas: perseguição política ou mudança de orientação partidária. A de
Marcelo Nilo, evidentemente, seria a segunda. E, é claro, uma pendência, se
materializada, seria decidida no Judiciário.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.