Sábado, 2 de novembro de 2013
por Edmilson Costa
Introdução
Ao contrário da Rússia no período da
revolução bolchevique ou da revolução chinesa de
1949, cujas transformações foram realizadas em
nações atrasadas do ponto de vista econômico, o Brasil
possui uma economia moderna, com elevado nível de desenvolvimento das
forças produtivas, destacando-se uma industrialização
integrada e dinâmica, avançado processo capitalista no campo,
portanto maduro para o socialismo, muito mais maduro do que aquelas sociedades
que fizeram suas revoluções na primeira metade do século
XX. Quando os bolcheviques tomaram o poder em 1917 encontraram um país
com uma economia basicamente agrária e uma classe operária
restrita apenas a algumas franjas industriais nas grandes cidades. Os
revolucionários chineses, quando conquistaram o poder em 1949,
encontraram também um país agrário, com a absoluta maioria
dos trabalhadores no campo.
Portanto, tratava-se de países com baixo nível de desenvolvimento
econômico, nos quais não estavam ainda maduras as
condições materiais para a construção do socialismo
desenvolvido. Por isso, essas nações tiveram que construir o
processo industrial e modernização a agropecuária a partir
de bases muito precárias. Levaram muitos anos para consolidar o
desenvolvimento econômico com forças produtivas modernas. Isso
marcou profundamente a formação sócio-econômica
dessas revoluções, seus problemas, percalços e
singularidades.
Como os fundadores do marxismo costumavam afirmar, a construção
do socialismo é mais factível num país de base industrial,
com uma classe operária numerosa, concentrada nos locais de trabalho, do
que num país agrário, de maioria camponesa, com
relações de produção atrasadas. Ressalte-se ainda
que o desenvolvimento do capitalismo, na prática, destrói as
bases da velha sociedade camponesa e, sob seus escombros, constrói a
sociedade burguesa moderna e, assim, assenta as bases materiais para a
sociedade socialista, que é a produção desenvolvida na
cidade e no campo, capaz de suprir as necessidades de bens e serviços de
toda a população.
Grande parte dos problemas vividos pelos países daquilo que ficou
conhecido como
socialismo real
originou-se das condições objetivas atrasadas daquelas
sociedades. Sem a industrialização madura e a agropecuária
moderna e desenvolvida, a construção socialista foi realizada
apalpando pedras, com heroísmo e debilidades, mas acima de tudo sem as
condições materiais objetivas para a construção
socialista. Portanto, a tarefa de construção da nova sociedade
foi muito mais difícil do que seria se a revolução tivesse
sido feita, por exemplo, na Alemanha industrializada, como os marxistas
imaginavam.