Quarta, 18 de junho de 2014
Carolina Gonçalves — Agência Brasil
Nenhuma das oito
testemunhas convidadas pelo Conselho de Ética da Câmara para prestar depoimento
sobre o caso do deputado André Vargas (PT-PR) compareceu à reunião marcada para
a manhã de hoje (11). O colegiado apura o envolvimento do parlamentar com o
doleiro Alberto Youssef.
Eram esperados o
secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha –
suspeito de intermediar as negociações com o laboratório Labogen –, Leonardo
Meireles e Esdras Ferreira, donos do laboratório, e Bernardo Tosto,
proprietário da aeronave usada por Vargas e fretada por Youssef. Entre os
petistas, estavam presentes o presidente do PT, Rui Falcão, e os deputados
Vicentinho (PT-SP) e Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O presidente do
Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), lamentou o descumprimento do acordo
firmado com o PT para que os depoimentos não fossem feitos na semana passada.
Representantes do partido garantiram que, se a reunião fosse marcada para hoje,
a presença dos petistas estaria assegurada.
O relator do processo
contra Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse que todos foram avisados
há duas semanas. Apesar disso, apenas Carlos Gadelha e Bernardo Tosto
informaram que não poderiam comparecer.
“Mesmo se não tem
ninguém, estamos cumprindo os prazos. Esta reunião está valendo e depois de
dois convites podemos dispensar a oitiva dessas testemunhas”, explicou o
relator. Pelas regras do Conselho de Ética, Delgado tem até o dia 24 de julho
para concluir o parecer, a data corresponde a 40 dias úteis posteriores à
apresentação da defesa de Vargas à Câmara.
O relator quer que a
votação no colegiado ocorra até o dia 17 de julho, na semana em que inicia o
recesso legislativo. “O silêncio diz muita coisa. Seria bom que eles dissessem
algo antes do recesso, senão a contaminaçao eleitoral será contra eles”,
avaliou o parlamentar. “O não comparecimento reforça e ajuda o nosso relatório.
Comparecer seria ótimo para elucidar alguma coisa”, completou.
Em uma carta enviada
ao Conselho de Ética, Bernardo Tosto solicitou o envio das perguntas para que
pudesse respondê-las por escrito. Delgado disse que enviará as perguntas até a
próxima semana e informou que fará novos convites para que os depoimentos sejam
prestados no dia 25 de julho.
O advogado de André
Vargas pediu que os novos convites sejam feitos por notificação. “Os convites
poderiam ser feitos em forma de notificação, que não tem caráter coercitivo de
intimação, mas enseja, ao menos, a necessidade de resposta”, explicou Michel
Saliba.
O doleiro Alberto
Youssef deve ser o último a ser ouvido pelo Conselho de Ética. Preso em
Curitiba pela Polícia Federal, Youssef terá que ser ouvido em uma
videoconferência que está marcada para as 10h do dia 1º de julho. Youssef
também é testemunha de Vargas, que indicou ainda um deputado estadual do Paraná
e mais seis pessoas do estado.