Terça, 3 de junho de 2014
Publicado originalmente em:
http://www.observatoriodauniversidade.blog.br/
Por Luis Vieira
A ordem veio do Planalto - segurança máxima nas ruas – mas as ordens do Planalto não se limitam às previsíveis ações institucionais, elas são acompanhadas por um coro de contentes, o que dá mais legitimidade ao arbítrio. Por décadas o Partido dos Trabalhadores incentivou a criação e a ação de organizações sociais com temáticas diferentes – terra, habitação, aborto, gênero, etc. Diante da calamidade social que é o Brasil elas prosperaram e se multiplicaram, inclusive em campos concorrentes da esquerda. Quando não estava no poder era fácil apoiar invasões, bloqueios, ocupações e outros escrachos. Mas agora é diferente, às portas de uma Copa do Mundo, em um ano de eleições presidenciais, o Planalto descobriu que é preciso ordem para o sucesso, não necessariamente o progresso. E assim com a Lei da Copa em uma das mãos e as Forças Armadas na outra convoca a militância a bradar aos quatro cantos que se faça silêncio. Nesse contexto ordeiro brotam apoios mais ou menos organizados, mais ou menos inocentes, mais ou menos úteis, como é o caso de um manifesto oriundo da academia, supostamente organizado por Simon Schwartzman & friends e intitulado “Pelo Direito de Manifestação, Pelo Direito de Ir e Vir”. Após lê-lo, concluí que não é por uma coisa, nem pela outra, mas pela ordem, simplesmente pela ordem.
A ordem veio do Planalto - segurança máxima nas ruas – mas as ordens do Planalto não se limitam às previsíveis ações institucionais, elas são acompanhadas por um coro de contentes, o que dá mais legitimidade ao arbítrio. Por décadas o Partido dos Trabalhadores incentivou a criação e a ação de organizações sociais com temáticas diferentes – terra, habitação, aborto, gênero, etc. Diante da calamidade social que é o Brasil elas prosperaram e se multiplicaram, inclusive em campos concorrentes da esquerda. Quando não estava no poder era fácil apoiar invasões, bloqueios, ocupações e outros escrachos. Mas agora é diferente, às portas de uma Copa do Mundo, em um ano de eleições presidenciais, o Planalto descobriu que é preciso ordem para o sucesso, não necessariamente o progresso. E assim com a Lei da Copa em uma das mãos e as Forças Armadas na outra convoca a militância a bradar aos quatro cantos que se faça silêncio. Nesse contexto ordeiro brotam apoios mais ou menos organizados, mais ou menos inocentes, mais ou menos úteis, como é o caso de um manifesto oriundo da academia, supostamente organizado por Simon Schwartzman & friends e intitulado “Pelo Direito de Manifestação, Pelo Direito de Ir e Vir”. Após lê-lo, concluí que não é por uma coisa, nem pela outra, mas pela ordem, simplesmente pela ordem.
Há uma única frase dedicada à liberdade de expressão, ao final do texto, que não é exatamente uma defesa, mas uma ressalva - O direito de manifestação, assim como o de greve, precisam ser preservados e mantidos dentro de seus limites legais. Talvez
por receio da carapuça de autoritarismo, enxertaram o slogan. Por outro
lado, atribuir às manifestações a culpa pelos engarrafamentos e
dificuldades de locomoção é um viés difícil de se sustentar qualquer que
seja a abordagem. Todos os dias a maior parte da população sofre
apinhada em trens, ônibus e metrôs. Se uma carrocinha de pipoca quebrar a
roda vamos ter quilômetros de retenção aonde quer que se tenha dado o
acidente. Ao invés de invocar as forças de segurança para controlar
manifestantes, invoque-se mais gente nas ruas, para que elas parem de
vez e o país faça seu ajuste de contas.
Agora que não há mais o
que roubar, convocar a população para assistir quietinha aos jogos da
Copa pela TV, é tudo o que a academia não deveria pedir, esse manifesto
não me representa, nem representa os milhares de estudantes,
professores e funcionários que estão longe das benesses desse regime que
compra consciências no atacado e no varejo.