Quarta, 9 de setembro de 2015
CPI derrubou, por 15 votos a
9, o requerimento para ouvir os empresários Wesley Batista e
Joesley Batista, da JBS. Ou medão!!!!
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Carolina Gonçalves, repórter da Agência Brasil
Em sessão marcada por tumulto e divergências, a comissão parlamentar
de inquérito (CPI) que apura denúncias sobre irregularidades em
empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) aprovou hoje (9), por votação simbólica, a convocação dos
empresários Eike Batista, do Grupo EBX, e Taiguara Rodrigues dos
Santos, do Exergia Brasil.
Os depoimentos devem ocorrer apenas
depois do dia 27, já que, até esta data, a comissão já tem uma série de
audiências marcadas para ouvir diretores e ex-presidentes da
instituição.
A
aprovação do requerimento para ouvir Taiguara Rodrigues provocou
bate-boca e questionamentos por parte de deputados base aliada. Petistas
reclamaram que não tiveram tempo para se manifestar. “Não foi correto
com a gente”, reclamou Carlos Zarattini (PT-SP).
O presidente da
CPI, Marcos Rotta (PMDB-AM), porém, manteve o resultado. “Se vocês
dormiram no ponto, não é problema do presidente. Aguardei segundos para
que Vossas Excelências se manifestassem”, disse o deputado.
A
convocação ocorreu minutos depois de a CPI ter decidido, por 15 votos a
9, derrubar outro requerimento para ouvir os empresários Wesley Batista e
Joesley Batista, da JBS. Nesse caso, os votos foram contados depois que
a oposição pediu verificação e iniciou, em tom de apelo, discursos pela
convocação dos empresários, que receberam grandes volumes de
financiamento do BNDES. “Se tiver que ter fato concreto, crime julgado,
para podermos convocar, não precisamos ter essa CPI, que é uma comissão
de investigação. Há elemento suspeito e indício? Então é dever da CPI
apurar. A JBS está entre as empresas que receberam um grande volume de
financiamento do BNDES”, afirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).
Para
o deputado Edio Lopes (PMDB-RR), a CPI precisa ter mais elementos para a
convocação. “Convocar diretores e presidentes sem fato consistente é
colocar empresas em risco. Eles têm acionistas, crédito e interesses, e
uma simples convocação pode estabelecer prejuízos”, disse Lopes. Na
mesma linha, o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG) pediu cautela.
“Vamos trazer para cá e perguntar o quê? Chamar só para fazer
espetáculo, não. Não é hora de chamar estas pessoas.”
Tais apelos
não surtiram, porém, efeito: Eike Batista foi convocado para explicar
os empréstimos de mais de R$ 10 bilhões feitos à EBX, que atualmente
está falida. e Taiguara Rodrigues teve a convocação aprovada em votação
simbólica. Os autores do pedido justificaram a convocação pelo fato de
Taiguara ter recebido, por meio da Odebrecht, recursos para
complementação de obras em Angola e por suspeita de favorecimento do
empresário, que é filho de um irmão da primeira mulher do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a sessão, alguns parlamentares
questionaram o fato de alguns documentos enviado pelo BNDES terem sido
entregues com carimbos de sigilo. Betinho Gomes (PSDB-PE) reclamou que
sequer as atas de reuniões dos conselhos do banco foram disponibilizadas
e a instituição só informou a lista de presença destes encontros. “As
informações que nos mandaram não acrescentam nada. Não têm utilidade
alguma”, disse o deputado.
Marcos Rotta antecipou para o
colegiado que o BNDES reconheceu “que tomou uma cautela demasiada”. A
CPI tem uma reunião reservada com representantes do BNDES que, segundo
Rotta, o procuraram para rever a classificação de alguns dos documentos
enviados e apresentar propostas sobre quais poderiam ser abertos.