"Se depender do PSOL, da
contundência dos seus deputados e da nossa linha na CPI, ele será Cunha, o
breve"
"A democracia sofreu uma agressão aqui nesse Plenário"
"A democracia sofreu uma agressão aqui nesse Plenário"
Da Liderança do Psol na Câmara dos Deputados
Sessão solene na Câmara contou com a participação de
parlamentares, dirigentes nacionais e convidados. Exposição sobre a trajetória
do partido vai até o dia 25 de setembro.
Primeiro a falar na celebração dessa uma década do PSOL, o
professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Luiz
Araújo – à frente do partido desde dezembro de 2013 –, considerou que o PSOL
vem se consolidando, nesses dez anos, como um polo aglutinador da esquerda
brasileira. "São dez anos que estamos batalhando para reconstruir o sonho
de esquerda no Brasil", disse Araújo, lembrando que a celebração acontece
em um momento de grave crise no país. Segundo ele, em todos os espaços e
iniciativas de resistência a militância e os parlamentares do PSOL estão
presentes. "Em cada movimentação que ocorre neste país, em cada greve e em
cada ocupação, não só no Parlamento, mas nas ruas e nas lutas, o PSOL, está
presente. Comemorar dez anos significa pensar os próximos dez. Pensar os
desafios de enfrentar os ataques que acabam de ser aprovados nesta Casa, como a
Lei da Mordaça, e chamar toda a militância do partido para uma grande campanha
de pressão sobre a Presidência da República para que vete a tentativa de calar
o PSOL e a tentativa de impedir o debate democrático em nosso país",
pontuou o presidente do PSOL, se referindo à minirreforma eleitoral, aprovada
na semana passada na Câmara.
Também presente na mesa, a dirigente nacional do partido e
coordenadora da Fasubra Sindical, Bernadete Menezes, ressaltou o desafio do
PSOL em ocupar o espaço político à esquerda. "Nós estamos em uma situação
muito difícil, mas por outro lado a classe trabalhadora está tomando
consciência do seu papel. E nós temos que ocupar o espaço da política, porque
estão privatizando a política. Só meia dúzia que tem dinheiro é que pode fazer
política nesse país. E nós vamos dizer que não, que somos capazes de fazer
diferente", enfatizou.
O deputado federal Edmilson Rodrigues (PA) ressaltou, em
sua fala, que o PSOL tem se tornado, cada vez mais, um partido necessário, um
instrumento de luta e de organização da classe trabalhadora. "O esforço do
PSOL é ganhar corações e mentes para o projeto de transformação radical, num
momento em que nos apresentamos como antilatifundiários, antimonopolistas,
democráticos, no sentido radical da palavra. A receita é uma mudança estrutural
em todos os níveis: econômico, político, cultural. Por isso, o socialismo tem
que ser com liberdade".
Deputado pelo PSOL em seu segundo mandato, Jean Wyllys
(RJ) destacou o papel que o PSOL tem cumprido em apoiar os segmentos da sociedade
que mais são vítimas da discriminação e do preconceito. "O PSOL abriu os
braços e acolheu essas lutas, se mostrou fértil à temática dos direitos humanos
e à temática das liberdades individuais. Não se pensa os últimos dez anos de
política no Brasil sem o PSOL", disse Jean.
Chico Alencar, deputado pelo PSOL do Rio de Janeiro em seu
quarto mandato, enquanto conduzia a sessão solene, reafirmou, em vários
momentos, a disposição de toda a bancada em continuar lutando para impedir o
avanço de setores conservadores na política, em especial no Congresso Nacional,
e citou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem controlado,
sem critérios claros, os meios de comunicação da Casa. Alencar denunciou o fato
de a sessão solene não ter sido transmitida pela TV Câmara, diferentemente como
vinha ocorrendo com sessões de outras legendas. "Nunca vi sessão solene de
partido não ser exibida", disse o líder, ao avaliar que a iniciativa
trata-se de mais uma censura capitaneada por Cunha.
Reforçando a crítica do colega, o deputado Ivan Valente
(SP) disse que o PSOL não mede esforços para enfrentar as medidas
antidemocráticas que o deputado vem adotando desde que assumiu a Presidência da
Casa. "Se depender do PSOL, da contundência dos seus deputados e da nossa
linha na CPI, ele será Cunha, o breve", disse Valente, arrancando aplausos
e manifestações entusiasmadas da plateia.
Ainda em sua fala, Ivan Valente prestou uma homenagem
àqueles que estiveram na fundação do PSOL e lembrou o esforço de várias
lideranças, como os candidatos do partido à Presidência da República: a
ex-senadora e atual vereadora em Maceió, Heloísa Helena; a presidente da
Fundação Lauro Campos, Luciana Genro; e Plínio de Arruda Sampaio, falecido em
julho de 2014. "É preciso reconhecer todos que cumpriram um papel
importante, todos os sindicalistas, militantes da juventude, aguerridos do
Partido Socialismo e Liberdade, que tentam fazer a diferença. Não estou aqui
para dizer que o PSOL é o melhor dos mundos, mas, sem dúvida, nesses dez anos,
nós construímos uma referência política, diferenciada, programática, ideológica
e ética", enfatizou.
Falsa polarização
Para o representante do partido no Senado Federal,
Randolfe Rodrigues (AP), os últimos dez anos sem o PSOL seria de "completa
monotonia". Mas, segundo ele, mais grave que a monotonia seria a
desesperança. "Sem o PSOL nós estaríamos hoje afeitos em uma falsa
polarização, entre um partido de centro-esquerda, que lamentavelmente traiu os
seu curso histórico de fundação, e a velha e clássica direita, que há 500 anos
oprime o povo brasileiro", disse o senador, considerando o PSOL como a
real alternativa à tradicional forma de fazer política. "A nossa bandeira
são todas as bandeiras necessárias e fundamentais para construir um Brasil e um
mundo de justiça e solidariedade".
Fazendo um histórico de como se deu a criação do PSOL e a
sua trajetória até os dias de hoje, o atual vereador no Rio de Janeiro João
Batista Babá lembrou as principais lutas encaminhadas pelo partido em defesa
dos trabalhadores e contra os ataques que vêm sendo implementados pelos atuais
governos, tanto na esfera nacional, como nas estaduais e municipais. "O
PSOL é uma necessidade para a classe trabalhadora do país. Nós temos clareza
que em todas as lutas estão lá os parlamentares e militantes do PSOL",
disse Babá, um dos parlamentares expulsos do PT em 2003 por votar contra a
orientação do partido na Reforma da Previdência, implementada pelo então
presidente Lula. "A nossa luta não para por aqui", disse,
pontuando os desafios do partido nesse momento de ameaças a direitos
históricos.
Também saudaram os dez anos do PSOL o ex-senador pelo
Pará, José Nery; o vereador em Fortaleza, João Alfredo; o deputado estadual
pelo PSOL do Ceará, Renato Roseno; a presidente do PSOL-DF, Juliana Selbach; o
dirigente nacional do MST, Alexandre Conceição; e outros deputados federais,
como Glauber Braga (PSB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Wadson Ribeiro
(PCdoB-MG) e Jô Moraes (PCdoB-MG).
Logo após a sessão solene no plenário da Câmara dos
Deputados, com a presença de militantes e apoiadores, foi lançada a exposição
PSOL 10 Anos, localizada no Espaço Mário Covas, na entrada do Anexo 2. Até o
dia 25 deste mês é possível conferir um pouco dessa trajetória de lutadores e
lutadoras, que constroem o Partido Socialismo e Liberdade.
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Fonte: PSOL Nacional / Leonor Soares.