Domingo, 13 de setembro de 2015
Marli Moreira - Repórter da Agência
Brasil
Sob uma fria garoa
que caía na tarde deste domingo (13), integrantes da organização não
governamental Rio de Paz voltaram a protestar contra duas chacinas que
ocorreram há um mês e deixaram 19 mortos em Barueri e Osasco, na Grande São
Paulo. Eles ocuparam o vão livre do Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista,
no quarto ato do gênero em que defenderam a elucidação do caso.
“Quem matou 19?”,
perguntava um dos cartazes erguidos pelos manifestantes. Eles prestaram
homenagem aos mortos no dia 13 de agosto e procuraram chamar a atenção das
pessoas, colocando na calçada 19 cruzes feitas em madeira e pintadas de preto.
Com os nomes das vítimas estampados em cada uma delas, as cruzes foram fincadas
em potes de areia e enfileiradas ao longo da calçada.
Os manifestantes,
vestidos de preto, usavam mordaças. O gesto de tapar a boca, conforme explicou
Cláudio Nishikawara, voluntário da Rio de Paz, foi uma forma de simbolizar o
medo entre os moradores de áreas violentas de falar sobre os crimes. Ele
explicou que o grupo teve o objetivo de se solidarizar com os familiares das
vítimas e pedir que as mortes sejam esclarecidas o mais rápido possível.
Ele queixou-se do
número baixo de participantes no ato, que começou por volta das 16h, com
cerca de 30 pessoas. E condenou o entendimento segundo o qual quem mora na
periferia está sujeito a ser morto, sem que isso cause impacto na sociedade.
Entre os presentes
havia uma pessoa representando os familiares das vítimas, a doméstica
aposentada, Zilda Maria de Paula, de 62 anos, mãe de Fernando Luiz de Paula, de
34 anos. “Eu vim em nome do meu filho e em nome dos que morreram e que eu nem
conhecia”, disse ela.
Para a doméstica, a
ausência de outros familiares é explicada pelo medo de represálias, porque os
autores não foram identificados. Ela contou que, nos locais onde ocorreram os massacres,
as pessoas estão inseguras e que, por volta das 20h30, a maioria se recolhe por
sentir medo. “Eu estou pondo minha cara a tapa, porque não tenho mais o que
perder”, disse, referindo-se à morte do único filho.”