Sexta, 4
de setembro de 2015
Do MPF
Familiares dos três metalúrgicos mortos durante a greve
pediram a análise do órgão
O Ministério Público
Federal (MPF) em Volta Redonda (RJ) instaurou inquérito civil público para
apurar a responsabilidade do Estado Brasileiro pelas mortes dos operários
Carlos Augusto Barros, Walmir de Freitas Monteiro e Willian Fernandes Leite
após a invasão do Exército para reprimir o movimento grevista na Companhia
Siderúrgica Nacional em 9 de novembro de 1988.
O inquérito foi
instaurado após representação da Comissão Municipal da Verdade Dom Waldyr
Calheiros, que destacou a violação de direitos humanos ocorrida no episódio. A
greve havia sido deflagrada em 7 de novembro de 1988, com reivindicações como a
implantação do turno de seis horas aprovado pela Constituição então
recém-promulgada e a reposição de perdas salariais do Plano Bresser.
O documento da
Comissão da Verdade relata que, no primeiro dia de greve, tropas do Exército
compostas por cerca de 500 soldados invadiram e ocuparam a usina. No dia 9 de
novembro, às 21h30min, as tropas teriam recebido ordens para atacar os três mil
operários que ocupavam a usina e estavam refugiados na aciaria.
Três operários
morreram no episódio, o que gerou comoção nacional à época. Walmir de Freitas Mornteiro
teria levado um tiro nas costas quando saía do refeitório; Willian Fernandes
Leite teria levado um tiro no pescoço quando se escondia no alto da aciaria; e
Carlos Augusto Barroso teria sofrido pancadas na cabeça e esmagamento craniano.
Com base nas
informações trazidas pela comissão e por familiares, o MPF realizará oitivas e
analisará pedidos de anistia e de reparações simbólicas em favor dos
trabalhadores. "É um episódio que deve ser relembrado para que a verdade
seja esclarecida e a população resgate a sua identidade e a sua história",
afirma Julio José Araujo Junior, responsável pelo inquérito.
Fonte: Assessoria de
Comunicação Social —Procuradoria da República no
Estado do Rio de Janeiro