Recentemente requeri o meu vale-transporte escolar com meu nome social e a Viação Itu informou que meu pedido foi negado.
Tentei me amparar no decreto 55.588 de 17 de Março de 2010:
"Considerando
que o princípio da dignidade da pessoa humana, fundamento do Estado
Democrático de Direito, assegura o pleno respeito às pessoas,
independentemente de sua identidade de gênero; Considerando que é
objetivo da República Federativa do Brasil a constituição de uma
sociedade justa e que promova o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de
discriminação; Considerando que a igualdade, a liberdade e a autonomia
individual são princípios constitucionais que orientam a atuação do
Estado e impõem a realização de políticas públicas destinadas à promoção
da cidadania e respeito às diferenças humanas, incluídas as diferenças
sexuais; Considerando que os direitos da diversidade sexual constituem
direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,
e que a sua proteção requer ações efetivas do Estado no sentido de
assegurar o pleno exercício da cidadania e a integral inclusão social da
população LGBT; Considerando que toda pessoa tem direito ao tratamento
correspondente ao seu gênero; e Considerando que transexuais e travestis
possuem identidade de gênero distinta do sexo biológico (...)"
Mais uma vez o pedido foi negado, já que a lei se aplica apenas a instituições de ensino e órgãos do Estado de São Paulo. Meu
direito ao nome foi negado, por isso venho através deste
abaixo-assinado exigir que a Viação Itu respeite a identidade de gênero
de transexuais e travestis. Permitam que nós possamos ter o mínimo de dignidade e respeito.
Não posso eu, Erika, andar por toda a cidade com uma cartão escolar que contém minha foto e o nome "João". Se Maria da Graça precisasse do mesmo cartão e requerisse seu nome social "XUXA", teria seu pedido negado?
Vivemos
em uma sociedade que não respeita transexuais e travestis, então em
todos os momentos tentam nos diminuir, ridicularizar e colocar em
situações vexatórias. Imagine se meu cartão cai dentro do ônibus e o
motorista precisa gritar o nome escrito nele para identificar o dono;
imagine se esse mesmo cartão cai na sala de aula e um colega de classe
que me conhece pelo meu nome social o encontra; são essas e outras situações que serei obrigada a passar, caso não tenha meu direito ao nome garantido.
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