Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Auditoria Cidadã da Dívida emite nota de repúdio à Polícia Militar do Estado de São Paulo

Sexta, 22 de janeiro de 2016

NOTA DE REPÚDIO À POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

Pedimos licença para falar de um assunto que não está relacionado à questão da dívida pública, mas que implica diretamente a nossa cidadania.

Ontem, 21 de janeiro de 2016, a Polícia Militar do Estado de São Paulo agiu, mais uma vez, ao arrepio da Constituição, repetindo, nas ruas do centro da cidade, o que parece ser a regra de conduta no trato com os mais pobres [1].

Diante da luta pacífica e legítima da população contra o aumento das tarifas de transporte, o Governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem se valido politicamente da força de repressão para cercear o direito de livre manifestação.

O Prefeito Fernando Haddad (PT) tem se mostrado conivente com a situação, preferindo tratar a reivindicação do movimento como uma fantasia. Dessa forma, esvazia o debate proposto, que é encontrar meios para viabilizar a revogação do aumento das passagens, em um ano com aumento de desemprego e aprofundamento da recessão.

Como se já não fosse suficientemente absurdo (e inconstitucional*) a Secretaria de Segurança Pública passar a exigir divulgação prévia do trajeto dos atos após brutal repressão na Praça do Ciclista no dia 12 de janeiro, ontem a PM-SP novamente decidiu impor aos manifestantes o trajeto a ser seguido.

Vale notar que uma assembleia durante a concentração do ato optou democraticamente pelo trajeto decidido e divulgado com antecedência pelo Movimento Passe Livre.

Mesmo assim, a PM-SP informou que, caso o protesto tentasse passar de determinado ponto, ele seria reprimido. Chega a parecer um requinte de crueldade obrigar as pessoas a caminhar para um massacre.

O saldo macabro da noite foi de dezenas de detidos e feridos, inclusive com um rapaz tendo levado um tiro de bala de borracha no rosto [2], o que contraria o protocolo de uso deste tipo de armamento.

Assim, a Auditoria Cidadã da Dívida, em respeito à Constituição Federal e aos sonhos daqueles que lutam por um mundo mais justo, repudia convictamente a ação da PM-SP. Além disso, lembramos a todos e todas que é bem provável que cenas como estas se repitam, em decorrência do caráter não-cidadão das forças de segurança.

Diversas personalidades, autoridades, movimentos sociais e até a ONU já reconheceram a necessidade de desmilitarizar as polícias do Brasil [3].

Por fim, nos solidarizamos com o Movimento Passe Livre e demais organizações presentes no ato. No futuro, esperamos que ainda seja possível estarmos nas ruas, lutando por mudanças urgentes, tais como a auditoria da dívida ou qualquer outra pauta progressista.


* De acordo com o Inciso XVI do Art. 5º: "todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente". Portanto, a exigência quanto a informar o local da manifestação foi cumprida pela simples divulgação do local de concentração.

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