Terça, 12 de janeiro de 2016
Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil
A manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público
coletivo de São Paulo foi dispersada pela Polícia Militar (PM) por
volta das 19h30 de hoje (12), mesmo antes de começar a se deslocar em
passeata.
Desde as 17h, os manifestantes se concentravam na Praça
do Ciclista, localizada na Avenida Paulista. Eles pretendiam seguir até
o Largo da Batata, na zona oeste, passando pelas avenidas Rebouças e
Faria Lima. No entanto, o policiamento autorizou a manifestação a ser
feita apenas em direção ao centro, passando pela Rua da Consolação até a
Praça da República. De acordo com o comando da PM, não haveria
negociação com os manifestantes para alteração do percurso definido pela
corporação.
Por volta das 19h30, parte dos manifestantes tentou
driblar o forte policiamento para seguir em direção ao Largo da Batata,
correndo no sentido da Avenida Rebouças, momento em que a polícia
começou a disparar bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, e a
bater com cassetetes nos manifestantes.
A polícia passou a
disparar também contra a multidão que permanecia na Praça do Ciclista, o
que gerou correria. Os ativistas ficaram encurralados, tendo de um lado
policiais da Tropa de Choque disparando bombas e, de outro, um cordão
de policiais que impedia a saída dos manifestantes da praça. A polícia
chegou a atirar uma bomba na sacada de um apartamento na Avenida
Paulista.
Assim como aconteceu na última manifestação,
sexta-feira passada (8), após a ação da polícia, parte dos manifestantes
passou a atirar objetos nos policiais, a destruir lixeiras e incendiar
objetos na rua.
A ação da polícia de tentar definir o percurso
que a manifestação deveria seguir não é comum nas manifestações do
Movimento Passe Livre (MPL). Geralmente, os manifestantes fazem uma
assembleia e definem o caminho a ser percorrido pela passeata. O
percurso então é informado aos policiais, que passam a seguir os
manifestantes na caminhada. No entanto, na manifestação de hoje, a
polícia definiu uma única opção para que os ativistas fizessem o
protesto: pela rua da Consolação, com destino à Praça da República.
O
professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo (USP), que
estava na manifestação e estuda os protestos de rua em São Paulo nos
últimos anos, disse que esse tipo de ação da polícia foi usado em meados
de 2014. “A polícia definir o caminho da manifestação ocorria nos
protestos contra a organização da Copa do Mundo no Brasil”, lembrou
Ortellado.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública, não informou o número de pessoas detidas e feridas durante a ação.