Terça, 19 de abril de 2016
Do TCDF
O presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Conselheiro
Renato Rainha, e uma equipe de auditores foram ao Hospital Regional da
Asa Norte (HRAN) na manhã desta terça-feira, 19 de abril de 2016, para
verificar o desempenho no atendimento dos pacientes. Várias falhas foram
apontadas na auditoria operacional que está avaliando, periodicamente, a
implementação e a utilização dos protocolos de classificação de risco
dos usuários nas emergências e urgências do DF.
O HRAN foi o
hospital que teve o pior desempenho na fiscalização realizada no
primeiro bimestre de 2016. Em janeiro, 6.888 pessoas procuraram
assistência médica dessa unidade de saúde, mas 6.212 não tiveram o
acolhimento realizado de forma correta. Isso quer dizer que 90.19% dos
pacientes não foram classificados de acordo com o risco que corriam. Em
fevereiro, esse percentual negativo subiu para 95,69%, situação bastante
preocupante, segundo o relatório de auditoria. Desta vez, foram 6.455
pessoas sem priorização de atendimento clínico.
No primeiro mês do
ano, o HRAN só fez a triagem de 676 doentes. Desse universo reduzido,
quase metade (41,5%) esperou mais de meia hora só para receber a
respectiva cor de classificação de risco. O Protocolo Manchester
recomenda que esse tempo não ultrapasse 10 minutos. Esse protocolo
assegura que os doentes sejam observados por ordem de necessidade
clínica e não simplesmente por ordem de chegada.
Pela metodologia
estabelecida, cada paciente que procura o hospital deve receber uma das
seguintes cores: vermelha (atendimento imediato), laranja (até 10 min),
amarela (até 1h), verde (até 2h) e azul (até 4h). Essas cores
classificam os doentes por ordem de gravidade, desde aqueles que têm
risco de morrer até aqueles que não têm necessidade de atendimento
hospitalar. O não cumprimento do Protocolo Manchester impede que os
pacientes recebam os cuidados necessários no tempo adequado.
Durante
a vistoria desta terça-feira, o presidente do TCDF e a equipe de
auditores reuniram-se com a superintendente da região de saúde
centro-norte da Secretaria de Saúde, Ana Patrícia de Paula, com a
direção do hospital e com a secretária-adjunta de Saúde do GDF, Eliene
Berg. Ana Patrícia admitiu que a Classificação de Risco é um dos
principais problemas do HRAN e informou que ela só é realizada no
período das 19h à meia-noite, e apenas nos pacientes atendidos na
Clínica Médica. O Pronto Socorro da unidade tem outras três portas de
entrada de pacientes, onde a classificação não é aplicada: Pediatria,
Ginecologia e Cirurgia.
O TCDF também verifica se os usuários
estão sendo recebidos por um profissional habilitado, com treinamento
específico, que deve escutar as queixas do paciente, os medos e as
expectativas, analisar a situação de saúde do indivíduo e identificar o
risco e a vulnerabilidade de cada um.
Além do HRAN, o corpo
técnico do Tribunal visitou o Hospital de Base (HBDF) e os Hospitais
Regionais de Ceilândia (HRC), Gama (HRG), Sobradinho (HRS) e Taguatinga
(HRT) para avaliar a organização da fila de espera e o comprometimento
com a qualidade do atendimento. Somando todas unidades avaliadas, 63%
dos pacientes não passam por classificação de risco. O hospital com o
melhor desempenho foi o HBDF, com 86,19% dos usuários acolhidos conforme
o Protocolo Manchester em janeiro e 84,63% em fevereiro.
O
presidente do TCDF, Conselheiro Renato Rainha, ressaltou que a
classificação de risco é essencial para a oferta de um atendimento de
boa qualidade ao cidadão. “Ela tem que ser feita para encaminhar os
pacientes mais graves para o atendimento prioritário, sob pena até de
eles perderem a vida, se assim não for feito”, afirma. As auditorias
operacionais sobre esse assunto prosseguem até junho, quando o Tribunal
emitirá um relatório final de avaliação das unidades de saúde e
determinará providências a serem adotadas pelo GDF. “Mas, antes disso, a
cada mês, nós já estamos notificando os gestores sobre as visitas e as
situações encontradas”, acrescenta o Conselheiro.
Percentual de Classificação nos Hospitais do DF
Hospital Regional da Asa Norte (HRAN)
Jan 9,81% / Fev 4,31%
Jan 9,81% / Fev 4,31%
Hospital de Base (HBDF)
Jan 86,19% / Fev 84,63%
Jan 86,19% / Fev 84,63%
Hospital Regional de Ceilândia (HRC)
Jan 24,19% / Fev 38,65%
Jan 24,19% / Fev 38,65%
Hospital Regional do Gama (HRG)
Jan 28,36% / Fev 32,63%
Jan 28,36% / Fev 32,63%
Hospital Regional de Sobradinho (HRS)
Jan 24,02% / Fev 25,02%
Jan 24,02% / Fev 25,02%
Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
Jan 49,50% / Fev 44,41%
Jan 49,50% / Fev 44,41%