Sábado, 24 de setembro de 2016
Da change.org
Milhares de pessoas apoiaram o abaixo-assinado de Gabriela Pereira para garantir o direito à saúde do pequeno Beny, que tem um problema grave no coração e precisava de uma cirurgia. A boa notícia? Eles conseguiram a operação e Beny está salvo!
Os
últimos dois anos da vida da Gabriela Pereira foram uma montanha-russa. A
jovem, com 29 anos, organizava a vida com o marido, Moisés Pereira, sem
planos de ampliar a família. O casal, que vive em Sorocaba (interior de
São Paulo), ouviu de um médico que havia apenas 1% de chance de que ela
tivesse filhos. No entanto, de surpresa, veio a gravidez e o nascimento
do pequeno Benyamin Luiz.
Gabriela criou um abaixo-assinado pedindo que o hospital dante pazzanese
autorizasse a cirurgia de seu filho, beny (imagem: acervo familiar)
Beny, como é carinhosamente chamado o filho de Gabriela, nasceu antes do tempo e com um problema no coração. "Ele é um bebezão! [Nasceu] prematuro, mas com 4,32 kg e 48 centímetros",
recorda, cheia de orgulho. Ela nunca desanimou do filho - juntos, eles
passaram por hospitais em três cidades, foram "esquecidos" para fora da
fila da operação que salvaria o filho e só obtiveram uma resposta
positiva quando a jovem e o marido iniciaram um abaixo-assinado na Change.org.
A mobilização de Gabriela alcançou mais de 250 mil assinaturas e convenceu a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e o Hospital Dante Pazzanese a realizar a cirurgia no coração do Beny e salvar sua vida.
“É tanta coisa que aconteceu que nem sei por onde começar. Foi
tanta luta e tantos momentos de indecisão que, somente assim, resgatando
tudo na memória, é possível fazer um balanço”, conta Gabriela.
Ela diz ter recebido incentivos e palavras de força de pessoas próximas e distantes. "A
petição foi realmente uma surpresa. Eu criei, obtive as primeiras
assinaturas e acabei me ocupando com as demandas do Beny, cada vez mais
urgentes. De repente, quando vi, eram milhares de apoios, inclusive com centenas de mensagens lindas. É emocionante", completa.
Mistura de susto e felicidade
A descoberta da gravidez foi uma surpresa - "uma mistura de susto e felicidade", define a mãe. Gabriela sofre de um problema no útero comum em muitas mulheres, o que dificulta a concepção.
Tudo seguia com tranquilidade nos meses de gravidez, com o pré-natal
ocorrendo conforme as orientações médicas. Então, veio a segunda
surpresa - por conta de picos de estresse, Gabriela teve que antecipar o
parto. Era arriscado esperar todo o período de gestação. E assim, Beny
nasceu.
Não demorou muito para a mãe receber o diagnóstico médico
de que o filho sofria um problema no coração - um orifício entre os dois
ventrículos do órgão dificulta o desenvolvimento cardíaco. Além disso, o
bebê tem Síndrome de Down, detectada após um diagnóstico que se mostrou
incorreto, de que ele não conseguiria andar nem enxergar.
Beny, o
xodó da #FamíliaTigre - nome que Gabriela carinhosamente usa para sua
família - não tem problemas de visão e de locomoção. O coração,
entretanto, necessita de cuidados maiores.
Jornada
O primeiro passo da jornada da família foi em uma unidade de saúde de Sorocaba. A equipe era atenciosa, mas não havia a estrutura necessária para a cirurgia.
O primeiro passo da jornada da família foi em uma unidade de saúde de Sorocaba. A equipe era atenciosa, mas não havia a estrutura necessária para a cirurgia.
Gabriela pediu demissão do trabalho e passou a se
dedicar integralmente a cuidar de Beny. Ela buscou então o Hospital
Paulo Sacramento, em Jundiaí, também no interior de São Paulo.
O
bebê foi submetido a mais exames, que detalharam os desafios da
cardiopatia que ele sofre. A cirurgia era necessária, mas não poderia
ser feita ali, por ele ter menos de um ano.
Em janeiro de 2016, a
mãe de Beny levou o filho ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,
na cidade de São Paulo, centro de referência para tratar este tipo de
problema. Mas ainda não havia encontrado a solução.
'Esqueceram do meu filho'
Após meses de tratamento, Gabriela recebeu a informação de que a cirurgia poderia ser realizada em junho deste ano. Mas ela não aconteceu. "Me disseram que esqueceram de colocá-lo na fila. É revoltante", lembra a mãe.
Mas este foi o momento em que a história mudou: Gabriela soube, por um amigo, que um abaixo-assinado criado na Change.org por Débora Mendes
conseguiu a cirurgia para o filho dela, o pequeno Artur, que também
sofre de um problema no coração (é possível acessar a mobilização de
Débora através do quadro ao lado).
A petição de Débora deu certo, assim como outras três vitórias de famílias buscando o direito à saúde de seus filhos. Esta foi a inspiração de Gabriela. Ela criou a própria petição online,
direcionada ao secretário estadual de Saúde de São Paulo, David Uip, e
ao Dante Pazzanese. No começo, os apoios chegaram lentamente.
'Seu caso agora é prioridade'
Em poucos dias, no entanto, as assinaturas na petição para Beny começaram a crescer. O abaixo-assinado chegou a 250 mil apoiadores em uma semana, e a história virou notícia no portal Catraca Livre. Após a reportagem, Gabriela recebeu uma ligação do hospital informando que seu filho poderia fazer uma consulta alguns dias depois.
“Quando
pisei no hospital, fiquei extremamente surpresa. Pela primeira vez, o
atendimento não foi feito por um médico residente, mas sim por uma
médica de carreira da unidade de saúde. O tratamento mudou
completamente. Tive toda a atenção. Disseram claramente: O seu caso
ganhou muita repercussão e agora é prioridade aqui”, lembra.
A
consulta aconteceu em 19 de setembro. E a cirurgia aconteceu em 22 de
setembro, três dias depois. Uma espera de dois anos foi resolvida em
algumas semanas.
O pequeno benyamin luiz passeia no parque COM A MÃE, GABRIELA pereira, E O PAI, MOISÉS santos (IMAGEM: ACERVO FAMILIAR)
"Estes
últimos dias foram inacreditáveis. O abaixo-assinado mudou tudo. Teve
até um deputado federal que entrou em contato com o hospital para
intermediar uma solução e não adiantou nada. Hoje, percebo que o apoio
das pessoas é muito mais importante. É isso que garante os nossos
direitos”, defende Gabriela.
O apoio das pessoas à Gabriela e ao Beny formou uma rede de solidariedade, com mais de 250 apoiadores e que também possuem cada um a sua história. Não é apenas o coração do Beny que agradece, mas o de todos, que ajudaram a garantir o seu direito à saúde pública.
O apoio das pessoas à Gabriela e ao Beny formou uma rede de solidariedade, com mais de 250 apoiadores e que também possuem cada um a sua história. Não é apenas o coração do Beny que agradece, mas o de todos, que ajudaram a garantir o seu direito à saúde pública.