Segunda, 26 de junho de 2016
Do SindMédico
Após visita em que ouviu queixas e apelos de médicos e de pacientes
do Hospital Regional do Paranoá, na manhã desta segunda-feira (26), o
presidente do Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho,
protocolou pedido de interdição ética ao Conselho Regional de Medicina
(CRM) e queixa no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT).
Na visita, da qual também participou o vice-presidente do Sindicato,
Carlos Fernando, foi verificado que 35 pacientes internados aguardam por
cirurgias, sem nenhuma perspectiva de atendimento. Eles sofrem risco de
infecção e de desenvolvimento de sequelas.
O sistema de ar-condicionado de toda a unidade de saúde quebrado
desde o dia 8 de setembro, depois de meses dando sinal de mal
funcionamento. Segundo relatos, o hospital vive o pior cenário dos
últimos oito anos. Já na porta de entrada do hospital, por exemplo, os
pacientes recebem a notícia, por meio de um cartaz escrito a mão:
“Raio-X quebrado”. E, dentro da unidade, são informados das outras
limitações, como a falta de medicamentos.
“Já estou aqui há 42 dias. Não aguento mais esperar”, relatou o
paciente ortopédico Max Paulo Leal, de 38 anos, que está com o braço
esquerdo sem movimentação. Assim como ele, a dona de casa Luciana da
Silva Costa, de 39 anos, não suporta mais a falta de respostas. “Hoje,
completo 24 dias aqui. E eu tenho filhos para criar. Já estou entrando
em depressão. Precisamos de uma solução”, disse.
Apenas na unidade de trauma e ortopedia, faltam mais de 30 materiais
necessários, entre máscaras, mesas cirúrgicas e fios de sutura. No dia
22 de setembro, o setor de radiologia e imagenologia do HRPA chegou a
enviar para a Secretaria de Saúde o seguinte aviso: “a partir de hoje
encerramos o atendimento por tempo indeterminado pela carência de filmes
radiológicos e falta de reposição dos materiais junto a central.”
No dia 05 de setembro, um memorando enviado à Secretaria de Saúde
aponta falhas em 12 aparelhos: mamógrafos, tomógrafos, raios-x,
ecógrafos, escopia e arcos cirúrgicos. A maioria deles está sem contrato
de manutenção.
Na UTI de adultos, o estado de abandono fica ainda mais evidente
quando se vê o filtro do aparelho completamente tomado pela poeira.
Enquanto nada é feito para reverter a situação, o calor, que chega a 40°
nos dias mais quentes. Houve caso de médico passar mal e ter que ser
substituído durante a realização de uma cirurgia.
Falta até gesso para imobilização de fraturas e não há atendimento de
emergência em clínica médica. “É um absurdo o que está acontecendo no
HRPA. Pacientes correm risco de infecção, de sequelas e até de morte. Os
médicos ficam em uma situação se insegurança profissional”, destacou
Gutemberg.