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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Simpósio discute o idoso como protagonista social

Quinta, 29 de setembro de 2016
Do MPDF
Em 2050, pela primeira vez haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos no mundo


unnamedMais importante do que acrescentar anos a vida, é acrescentar vida aos anos. A frase mencionada no simpósio “O idoso como protagonista social” traduz a proposta do evento, que teve como tema central o envelhecimento de maneira ativa e positiva. Realizado nesta terça-feira, 27 de setembro, a iniciativa foi proposta pela Promotoria de Justiça da Pessoa Idosa (Projid) em comemoração ao Dia Nacional do Idoso.


A promotora de Justiça Sandra Julião falou sobre a importância do empoderamento e da melhoria das condições de vida no processo de envelhecimento. “Estamos muito acostumados a debater a violência, a vulnerabilidade, mas hoje, queremos traçar novo olhar, destacar aspectos da autonomia e do protagonismo da pessoa idosa”, enfatizou.


A procuradora distrital dos Direitos do Cidadão, Maria Rosynete de Oliveira, participou da abertura e destacou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o aumento da expectativa de vida da população. “A tendência de envelhecimento da população modifica a perspectiva de vida das pessoas. Os idosos já somam mais de 23 milhões de brasileiros. Essa pessoa carrega consigo tantas experiências e marcas e precisa ser respeitada por todos, seja no âmbito familiar, social e também pelo poder público".


Palestras

O primeiro palestrante, o pós-doutor em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) Adriano Rozendo, é coordenador de grupos de convivência com idosos institucionalizados. Ele falou do idoso como protagonista político e social e contextualizou a evolução dos direitos desse grupo ao longo dos anos. Rozendo criticou pontos da legislação vigente que, segundo ele, deveria prever mais ações que estimulem a participação ativa do idoso na comunidade, na política, na sociedade e na cultura. Completou dizendo que faltam direitos relacionados ao trabalho, previdência e educação para esse público: “Existe um perfil ainda muito produtivo e que deseja estudar e trabalhar, mas que não é contemplado”, finalizou.


“Envelhecimentos na sociedade brasileira: entre protagonismos e silenciamentos” foi o tema da palestra da psicóloga e doutora pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) Mariele Rodrigues. Ela defendeu maior convivência intergeracional e uma mudança cultural que rompa o olhar desqualificador da sociedade sobre os idosos. “Precisamos repensar esteriótipos, valorizar a beleza da velhice, compreender que o lugar do idoso é onde ele quiser e privilegiar espaços do habitar, como condomínios e modelos de comunidade para esse grupo”.


A última palestra foi a do médico e mestre em Gerontologia Sabri Lakhdari, que falou sobre os aspectos do envelhecimento sob a ótica da Medicina, das alterações funcionais, do declínio de performance do organismo e das doenças mais frequentes. Ao final, enumerou o que devemos fazer para buscar o envelhecimento ativo e saudável. “Lutar contra o preconceito com relação ao envelhecimento, incentivar iniciativas com trocas intergeracionais, a aplicação de políticas públicas, o respeito ao Estatuto do Idoso e também melhorar a acessibilidade, permitindo a inclusão social”, completou.


GIL 0353Ao final das palestras, o público teve a oportunidade de fazer perguntas aos palestrantes. A promotora Sandra Julião reforçou a importância da implementação de ações que favoreçam a inclusão e a independência da pessoa idosa pelo maior tempo possível, para um envelhecimento com qualidade.


Envelhecimento populacional

De acordo com projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações), uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para um em cada cinco por volta de 2050. O envelhecimento é reflexo do mais baixo crescimento populacional aliado a menores taxas de natalidade e fecundidade. Em 2050, pela primeira vez haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos no mundo.


Campanha sobre direitos dos idososPara celebrar o Dia Nacional do Idoso, comemorado em 1º de outubro, a Central Judicial do Idoso – iniciativa pioneira do Tribunal de Justiça (TJDFT), do Ministério Público (MPDFT) e da Defensoria Pública (DPDF) – promove campanha de conscientização sobre os direitos dessas pessoas. A ideia os direitos previstos no Estatuto do Idoso. A promotora de Justiça da Pessoa Idosa, Sandra Julião, explica que quando não se conhece o direito não se pode reivindicá-lo. “Nada melhor que o Dia do Idoso para dar essa visibilidade à sociedade, que ainda não sabe respeitar de maneira natural os mais velhos. Nós ainda precisamos que os esses direitos estejam escritos em códigos para respeitá-los. Ainda não é natural”, completou. Clique aqui e conheça a campanha.