Domingo, 3 de fevereiro de 2019
Por
Pedro Augusto Pinho
Desde Michel de Montaigne (1533-1592) já poderíamos entender os vínculos entre os mundos natural, social e das ideias. Mas foi Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), com a Teoria Geral dos Sistemas, complementada pelos trabalhos de William Ross Ashby (1903-1972) sobre cibernética, que tornou possível perceber as conexões que envolvem toda vida humana, em quaisquer aspectos.
E se tomo a vida humana é porque os eventos do nosso cotidiano, mesmo quando imputados à natureza, neste século XXI tem, inapelavelmente, a mão humana, como o “genocídio de Brumadinho”, nas palavras do Bispo Dom Fernando Pereira Vaz, da Pastoral da Saúde, na missa de sábado, 02/02/19, no Santuário de Aparecida.
Não há teorias conspiratórias mas, como ironiza o jornalista Carlos Alberto Almeida (Beto Almeida), existem práticas conspiratórias. Os interesses de grupos, de qualquer dimensão, origem e objetivo, algumas vezes se concretizam, outras fracassam, mas sempre os encontramos desencadeando atividades.
O mundo, após a II Guerra Mundial, além da Teoria de Bertalanffy, conheceu as revoluções promovidas por Norbert Wiener (1894-1964), Claude Shannon (1916-2001), Warren Weaver (1894-1978) e outros cientistas dos mais diversos ramos do conhecimento que, como jamais antes ocorrera, interconectaram o planeta. Arriscaria afirmar que a informação - em todos os sentidos, inclusive o da desinformação - passou a nos conduzir.
Em maio de 1954, foi criado o Grupo Bilderberg (GB), na vila de Oosterbeek, Gueldres, na Holanda. Este Grupo reúne, desde então, uma ou pouco mais vezes por ano, banqueiros, empresários, acadêmicos, políticos, membros da “nobreza” europeia e convidados especiais. Forma um verdadeiro Conselho de Administração da Banca, dos 0,001% do mundo, aqueles que controlam o dinheiro e as ações contra a economia de massa, contra os países e contra os povos do mundo.
As ações do GB são múltiplas, como dirigentes do conflito da banca contra a humanidade. Igual a uma empresa holding atua pelos departamentos, divisões e subsidiárias para operacionalizar suas decisões. Um trabalho notável do investigador argentino Adrian Salbuchi - “El cerebro del mundo - La cara oculta de la globalización”, Editorial Solar, Bogotá, 4ª edição, 2004 - enumera diversos órgãos que são os executores das decisões do Bilderberg. Entre estes está o Council of Foreign Relations, cujos membros e conexões estão disponíveis em
https://en.wikipedia.org/wiki/ Members_of_the_Council_on_ Foreign_Relations e com o qual, em outubro de 2018, se reuniu, com a funcionária Shannon K. O’Neil, da área comercial, migração e corrupção para a América Latina, o então Deputado Jair Messias Bolsonaro.
Dificilmente esta reunião seria divulgada da forma correta. As esquerdas diriam que Bolsonaro foi vender o Brasil aos Estados Unidos da América (EUA), como se o Council of Foreign Relations atuasse em prol do Governo Estadunidense. As direitas talvez elogiassem a atuação em favor do comércio bilateral com aquela potência da América do Norte. Mas a verdade, imagino, é bem mais profunda. Talvez nem adequadamente avaliada pelo atual Presidente.
Tenho escrito há alguns anos sobre a Banca, o sistema financeiro internacional, o Poder que domina quase todo mundo de hoje e seus objetivos. Não vou repetir. Irei apresentar algumas facetas que interferem, atualmente, de modo nocivo contra nossa Pátria.
O Brasil tem, como todos sabem desde o curso fundamental, a área continental de 8.516.000 km², mais a projeção na Plataforma Continental de 12 milhas (22,224 km) pelos 7.367 km de nossa fronteira marítima. É uma imensidão de terras e recursos naturais a serem explorados em favor do nosso povo. E isto ocorre? Como?
Não vamos buscar a história de um país que jamais deixou de ser colônia. Vamos analisar nossa situação desde quando a Banca passou a ditar as decisões do Governo, após o golpe aplicado no Presidente Ernesto Geisel.
A partir dos anos 1970 entrou na pauta das academias e das instruções, inclusive militares, a ideologia neoliberal. As comunicações de massa passaram a divulgar, de modo sempre favorável, o denominado “mercado”, que se restringia apenas ao “mercado financeiro”, e aos indicadores que favorecessem as demandas deste mercado como se fossem as principais referências para a avaliação do Brasil. O Estado, por outro lado, era ineficiente e corrupto. Jamais associou o corruptor - a banca - aos corrompidos. Os corruptores ficaram restritos a alguns poucos empresários que atuavam na industrialização do País. Todos sabemos que a banca se opõe à industrialização. O Governo Trump dá mostras seguidas deste embate.
Um fator importante para a construção da soberania num país continental é a população. Brasil e EUA tem dimensões territoriais semelhantes, cuja diferença nas extensões ficam em 11%. No entanto, aquele país tem população quase 60% superior à nossa. E isto garante demanda e mão de obra, recursos humanos para a construção de Nação potência.
Houve um tempo que os militares brasileiros se preocuparam com nossa demografia. Lembro-me de vários trabalhos sobre as taxas de fecundidade, por regiões, nas áreas rurais e urbanas, que denotavam um dos aspectos da construção do Brasil Potência, da Nação Soberana.
As academias e centros de pesquisas, por todo mundo, vem sendo dominados pela banca, quer pelos financiamentos às pesquisas, quer pela divulgação e premiações de trabalhos, além dos usuais processos de corrupção. No Brasil, esta atuação da banca se dá em todo País, e de modo especial no Estado de São Paulo.
Por que esta campanha contra o aborto? Por que esta criminalização da mulher que aborta? Certamente os estudos feitos por interesse da banca já mostraram que há mais mortes ao condenar o aborto do que deixá-lo ocorrer com apoio da saúde pública. E quem são as vítimas? Ora, caro leitor, as mulheres mais pobres, as que não tem condição material e intelectual de se prevenir, aquelas sem capital cultural, como se referia o sociólogo Pierre Bourdieu.
Se acrescentarmos o feminicídio, que cresce assustadoramente, veremos que em todos estes atos há o projeto da banca que Michel Foucault (1926-1984) denominou “tanatopolítica” ou política da morte. E há muitos religiosos que caem nesta esparrela, imaginando salvar vidas.
Vimos que o Grupo Bilderberg representa 0,001% da população da terra. Vamos arredondar para 100.000 pessoas. Que cada um disponha, em média, para operar em prol de suas necessidades 200 ou 300 pessoas. Nunca esquecer que a tecnologia já reduziu e irá reduzir ainda mais a necessidade de seres humanos para ações repetitivas, de controle e até outras mais sofisticadas operações.
Hoje somos quase 8 bilhões. Para as necessidades dos Bilderberguenses bastariam 3 bilhões. Logo há o projeto de redução populacional que apenas guerras localizadas e pestes programadas não dão, nem darão, conta. É preciso reduzir os nascimentos. E o que melhor do que uma campanha contra o aborto gerando o desvio de raciocínio, a camuflagem tão a gosto da banca? Que ainda dirá que se trata de teoria conspiratória!
A campanha pelo fim da previdência pública trás vários benefícios para banca. Deles resultam toda campanha desinformadora e falsa que se desencadeou, colocando nas pessoas o medo de um futuro que só ocorrerá com a previdência privada, como já demonstrou e demonstra o Chile: campeão de suicídio de idosos.
Primeiro, a banca será a depositária de toda contribuição previdenciária. Mais dinheiro que cairá no cassino da banca para a permanente concentração de renda. Depois não haverá qualquer garantia de pagamento das aposentadorias pois muitas, talvez a maioria das empresas que oferecerão fundos previdenciários, serão destruídas neste cassino. Não mais existirão quando chegar sua vez de receber o benefício. E o poder judiciário, totalmente dominado pelo sistema financeiro, não lhe garantirá qualquer direito.
A este propósito, a insegurança jurídica é uma conquista da banca. Por isso não quer que mude a Constituição que ela conseguiu em 1988, e foi, ironicamente, chamada de cidadã. Quando o General Hamilton Mourão mencionou a possibilidade de nova constituição, esquerdas e direitas se levantaram.
E quem é esquerda? No programa do site Duplo Expresso, da sexta-feira, 1º de fevereiro, a propósito de artigo em El País, ficamos sabendo que o controlador daquele jornal é um dos membros do Conselho de Administração da Banca, o Grupo Bilderberg. O Partido dos Trabalhadores (PT) que sempre teve a economia, em seus governos, conduzida por representante da banca, seria esquerda?
Condenou-se a opinião do Vice-Presidente General Mourão pois ele não entregava a uma assembleia a elaboração constitucional. Nem poderia. Uma Constituição deve ter uma coluna norteadora onde se agregarão as diversas necessidades de definições gerais da organização do Estado, da política, da economia, da sociedade, dos direitos etc. Esta coluna, que faltou na de 1988, é o Estado Nacional Soberano. Sem ele tudo se desfaz, como vemos ocorrer desde sua promulgação. A sociedade, o povo irá validar em plebiscito ou referendos os dispositivos ou a íntegra da Constituição.
Há ainda outros temas, mas já deu para perceber que há um sistema dominador que interfere em todas as ações. Se não entendermos qual é o sistema geral, iremos gastar nosso esforço, nos enfraquecer combatendo esquerda ou direita, ambas sob a banca, e perder a luta em favor do Estado Nacional Brasileiro.
As palavras de Dom Pedro I, às margens do Ipiranga, jamais tiveram tão literal significado: ou o Brasil fica independente da banca ou morreremos todos pelas suas diversificadas mas integradas ações: Independência ou Morte!
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado