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(Millôr Fernandes)

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Saúde e Bem-Estar — 49 Epigenética

Domingo, 3 de fevereiro de 2019
Por
Aldemario Araujo

A epigenética é a área de reflexão científica que tenta compreender como alterações na expressão de genes são produzidas sem modificações diretas no “alfabeto” do DNA. Nicholas Silva oferece uma didática compreensão dessa instigante vertente do funcionamento do organismo humano. Diz ele: “Para facilitar, suponhamos que a sequência de DNA que possuímos em nossas células, seria como o texto de um manual de instruções que explica como fazer todos os diferentes órgãos e tecidos que formam nosso corpo, a epigenética seria como se alguém utilizasse um pacote de marcadores de texto e usasse diferentes cores para marcar as partes do texto de maneiras diferentes. Por exemplo, eu poderia usar o marcador de cor verde para marcar partes do texto que precisam ser lidas com mais cuidado e com o marcador de cor vermelha para marcar partes que não são tão importantes./Também podemos imaginar que o DNA seria uma biblioteca e cada gene um livro de instruções, a epigenética agiria bloqueando alguns desses livros” (https://www.blogs.unicamp.br/tb-of-life/2017/01/14/epigenetica-somos-mais-que-nossos-genes/). 
Em suma, o DNA de uma pessoa não é um código fixo e imutável. Existe toda uma dinâmica em torno da expressão do código genético. Os genes reagem continuamente a inúmeras influências externas. Assim, a alimentação, os suplementos, a atividade física, a carga emocional, entre outros fatores, ativam e desativam certos genes, viabilizam ou inviabilizam reações químicas e metabólicas, e, portanto, criam condições para o surgimento de doenças ou para a manutenção de um estado de bem-estar e saúde satisfatórios. 

O doutor Alberto Peribanez, no seu livro “Cirurgia Verde” destaca: “A epigenética (do grego ‘epi’, que significa ‘ao redor de’, ‘adjunto’) trata de marcadores de importância genética que não estão contidos na sequência do DNA em si, mas em suas adjacências. Esses marcadores são minúsculos apêndices moleculares que se posicionam em diferentes partes do filamento de DNA ou das proteínas ao redor das quais o DNA se enrola. Isoladamente ou em conjunto, eles ‘ativando’ e ‘desativando’ genes ou grupos de genes. Por conter as informações regulatórias dos genes, esse epigenoma tem a mesma importância do genoma”. 

As principais consequências dos fenômenos observados no campo da epigenética também são apontadas pelo doutor Peribanez. Ele afirma: “No atual estágio do conhecimento proporcionado pela epigenética, não há dúvida de que o conceito de ‘predisposição genética’ para essa ou aquela doença já não mais se sustenta. Apesar de termos marcadores biológicos e genéticos que nos dão mais chances de desenvolver certas doenças na vida adulta, podemos desligar ou desativar esses genes determinantes mudando hábitos alimentares e de vida, eliminando agentes nocivos à saúde. (…) A maior parte das doenças que conhecemos se adquire por repetição de práticas nocivas. Nosso mais impressionante e complexo sistema de análise, o DNA, resiste quanto pode aos desafios nocivos, mas, de tanta repetição, acaba por se adaptar. A essa adaptação do DNA e suas consequências fisiológicas denominamos doença”. 

Confira os seguintes vídeos acerca da epigenética:

a) https://www.youtube.com/watch?v=Ka3sGE9CA8g (doutor Lair Ribeiro);

b) https://www.youtube.com/watch?v=eyrMGU-Kq2w (doutor Jea Yoo);
c)https://www.youtube.com/watch?v=FHSRDDbNeYM (doutora Maria Lúcia Corrêa Giannella) e
d) https://www.youtube.com/watch?v=R696bzVNEao (professora Luciana Ramalho).