Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 6 de agosto de 2022

A bomba de Deus

 

A bomba de Deus

Em 1945, enquanto este dia nascia, Hiroshima morria. Na estreia mundial da bomba atômica, a cidade e sua gente viraram carvão num instante.

Os poucos sobreviventes perambulavam, mutilados, sonâmbulos, no meio das ruínas fumegantes. Andavam nus, e em seus corpos as queimaduras haviam estampado as roupas que usavam quando houve a explosão. Nos resto das paredes, o relâmpago do fogo da bomba atômica tinha deixado impressas as sombras do que houve: uma mulher com os braços erguidos, um homem, um cavalo amarrado...

Três dias depois, o presidente Harry Truman falou pelo rádio.

Disse:

— Agradecemos a Deus por ter posto a bomba em nossas mãos e não dos nossos inimigos; e rogamos a Deus que nos guie em seu uso, de acordo com seus caminhos e propósitos.

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Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’.
2ª edição, 2012, página 252, L&PM Editores.

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Leia aqui sobre os bombardeios atômicos a Hiroshima e Nagasaki