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(Millôr Fernandes)

domingo, 4 de setembro de 2016

A luta contra o fechamento da pediatria do HRG. Para a presidente do SindSaúde o fechamento é um plano para justificar a implantação de OSs. “Isso faz parte de um projeto total de desmonte"

Domingo, 4 de setembro de 2016
“Aqui vemos a omissão do Estado. Vivemos os resultados dos desvios que acontecem lá em cima. Se não há pediatras é porque faltou planejamento."
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Do SindSaúde
SindSaúde-DF luta contra fechamento da pediatria do HRG

SindSaúde-DF luta contra fechamento da pediatria do HRG

Por Lurian Leles
A direção do SindSaúde-DF esteve hoje (2) no Hospital Regional do Gama (HRG) para apurar denúncias sobre o fechamento da ala de internação da pediatria. Os servidores relataram que mesmo com uma excelente estrutura, a gestão do HRG decidiu restringir os atendimentos no setor. Questionado pelo sindicato, o diretor da unidade, José Roberto Macedo, afirmou que a diminuição dos leitos foi motivada pela falta de pediatras. O SindSaúde-DF entrará com uma ação civil pública contra a medida.

Na quinta-feira (1°) os servidores do setor foram notificados de que a pediatria seria desativada e que eles deveriam se apresentar na manhã de hoje à gerência para a redistribuição entre os demais setores do HRG. Preocupados, com o atendimento à s crianças,eles buscaram o SindSaúde-DF.

Servidores reunidos com o diretor do SindSaúde-DF Marcos RogérioServidores reunidos com o diretor
do SindSaúde-DF Marcos Rogério

De acordo com os trabalhadores, a situação começou com o fechamento da porta de entrada da pediatria, o pronto socorro. Com isso, os pacientes tiveram que buscar outros hospitais e boa parte dos 24 leitos da internação começou a esvaziar. “Existe um boicote”, alertou um servidor.

Leitos vazios na pediatria do HRGLeitos vazios na pediatria do HRG

Reunião com diretor
Após muita insistência, servidores e entidades representantes foram recebidos pelo diretor Macedo. O gestor justificou que a medida extrema foi ocasionada pela falta de pediatras. Em julho, três profissionais com contrato temporário foram exonerados.  “O PS precisa, ao menos, de três médicos. Não estávamos conseguindo nem dois”, contou. De acordo com Macedo, o que ocorreria seria a redução dos leitos, de 24 para 11, e não o fechamento do setor. Ele afirmou ainda que seria uma situação temporária, até a contratação de novos pediatras.

A presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, rechaçou veementemente a decisão. “Aqui vemos a omissão do Estado. Vivemos os resultados dos desvios que acontecem lá em cima. Se não há pediatras é porque faltou planejamento. A lei n°8.080 garante o atendimento a todos e determina que não se pode deixar a população desassistida”.
Representantes de entidades reuniram-se com diretor do HRGRepresentantes de entidades
reuniram-se com diretor do HRG

Apoio da CLDF
 
Marli propôs então que servidores e entidades buscassem apoio na Câmara Legislativa (CLDF), levando a pauta para a próxima reunião do Colégio de Líderes da Casa, na terça-feira (6). O intuito é sensibilizar os parlamentares para a liberação de emendas para a Saúde, o que garantiria, entre outras coisas, a contratação de pediatras para o HRG. Uma audiência pública também será solicitada à CLDF. Enquanto isso, o diretor do hospital comprometeu-se a adiar o fechamento dos leitos.

Outras ações do SindSaúde-DF serão procurar a Justiça, através de ação civil pública, e denunciar o caso ao Ministério Público. "Entendemos que a conduta do GDF é um dano direto à ordem social, em âmbito coletivo, a todos os residentes no Distrito Federal, e que deve ser reparada pelo Poder Judiciário com a urgência que o caso requer”, avaliou o coordenador do departamento jurídico do sindicato.

Mães de pacientes fazem apelo pela manutenção dos serviços
 
O SindSaúde-DF conversou com as mães das crianças que ainda estão internadas no local . Elas elogiaram o atendimento e a estrutura da pediatria, e se disseram preocupadas com o fechamento de leitos.

O que está por trás?
 
Para Marli não há duvidas que a implantação das organizações sociais está por trás de tudo. “Isso faz parte de um projeto total de desmonte, hoje é a pediatria, amanhã será outro setor. Não podemos deixar essa marca no Hospital do Gama, que já foi referência e titulado como Hospital Amigo da Criança”, lamentou.

O Gama é uma cidade com 55 anos, com quase 150 mil habitantes, que atende moradores do Entorno e tem uma atenção primária com apenas 35% de cobertura, onde os centros de saúde não conseguem suprimir a demanda. “Crianças irão morrer por falta de atendimento, como aconteceu no berçário do HRG no início do ano. O Estado não pode simplesmente fechar, tem que haver uma solução. Criança não pode ser tratada como uma caixa de órteses e próteses, que é deixada em um canto. Não vamos permitir que esse governo marque a cidade com o sangue de inocentes”, finalizou.