Segunda, 7 de maio de 2012
Carlos Newton
Oportuna reportagem de Cláudia Antunes, publicada pela Folha, mostra
que a Delta não está falida. Pelo contrário, tem R$ 4,7 bilhões em
contratos em execução e R$ 450 milhões para receber de obras já
concluídas, dos quais cerca de R$ 300 milhões deveriam ter sido pagos no
mês passado pelo governo do Estado do Rio, comandado por Sérgio Cabral,
o amigo de fé, irmão camarada e ex-concunhado do empreiteiro Fernando
Cavendish, vejam só que tamanha ingratidão. Já não se pode confiar mais
nem nos amigos e parentes…
O novo presidente da Delta, Carlos Alberto Verdini, que não é sócio
da empresa, mas apenas trabalha para Cavendish, ainda tenta desculpar
Sergio Cabral pela falta de cumprimento do compromisso com o
ex-concunhado. “Não é questão de atraso [do Rio]. Acho que é problema de
caixa do governo”, disse Verdini à Folha, enquanto a assessoria do
governo estadual alegava que a administração pública precisa de mais
tempo para levantar os valores devidos à Delta.
No Rio, a Delta deixará as obras do Maracanã e da via expressa
Transcarioca, mas Verdini afirmou que a empreiteira continuará
executando todos os demais 200 contratos, 130 deles para o Dnit
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). E ainda tirou
onda, dizendo que a empresa não seria facilmente substituída:
“Em muitas obras teria que ser feita nova licitação, com preços mais
caros. O processo é demorado, o prejuízo seria grande. E quero saber
como fica a responsabilidade social. Quem vai assumir o ônus de pôr 30
mil funcionários na rua?”
Traduzindo: a corrupção chegou a tal ponto que se tornou
indestrutível. E não vai acontecer nada a Cabral ou Cavendish. Ele
apenas perderam o que jamais tiveram – a honra.
Fonte: Tribuna da Internet