Sexta, 1 de maio de 2012
Da Agência Brasil
Alana Gandra, repórter
Rio de Janeiro - A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina
Silva reafirmou hoje (1º) sua posição contrária ao emprego da energia
nuclear pelo Brasil. “Não é uma energia segura, não se sabe o que fazer
com os resíduos, e vai ficar, não como um legado, mas como um castigo
para as futuras gerações”, afirmou, após participar do seminário Energia
Limpa: Oportunidades e Desafios no Brasil.
O evento faz parte da programação da Coordenação de Programas de
Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Coppe/UFRJ) preparatória à Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorre de 13 a 22.
Marina desmentiu que o custo da geração nuclear seja baixo. “É uma
energia subsidiada com os impostos dos brasileiros para, ao invés de ser
uma solução, ser um problema”. Segundo a ex-senadora, os investimentos
que vêm sendo efetuados na área nuclear deveriam ser direcionados para
outras fontes de geração. Lembrou que a Alemanha está abandonando o uso
dessa energia.
Em sua palestra, Marina destacou que o Brasil precisa pensar em
energia limpa no contexto atual das crises que o mundo vive, e que são
de ordem não só econômica, mas social, ambiental, política e de valores.
Trata-se, externou, de “uma crise civilizatória”. Segundo ela, a crise
de valores permeia todas as demais.
Segundo Marina, a reversão dos problemas trazidos pelas mudanças
climáticas depende de governo e sociedade estarem conscientes das
escolhas que fazem. Para o setor energético, em especial, indicou que
deve haver uma democratização do planejamento. Foi dessa forma,
garantiu, que, em sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, no
governo Lula, o país conseguiu alcançar mais de 80% de redução do
desmatamento.
No caso particular das hidrelétricas e do setor energético como um
todo, devido aos impactos causados por esse tipo de empreendimento,
salientou a importância dos investimentos intangíveis, por meio da
valorização do patrimônio imaterial, representado por cerca de 220 povos
que falam 180 línguas, com conhecimentos tradicionais e milenares,
associados aos recursos naturais existentes.
“Essas culturas estão sendo ameaçadas”, declarou, indicando o caso dos
índios da Amazônia e de regiões remotas do país, onde estão localizados
64% do potencial hidrelétrico brasileiro.
A ex-ministra defendeu que haja no Brasil uma coautoria de planejamento
e decisões envolvendo governo, sociedade civil e academia. A sociedade,
para ela, tem que ser consciente, engajada e pró-ativa. “Isso,
assegurou, só é possível com democracia”. Para ela, esse planejamento
democrático conduzirá à eficiência energética do país, como já vem
ocorrendo desde o apagão de 2001.
Edição: Davi Oliveira