Segunda, 1 de abril de 2013
Helio Fernandes
Só na quinta-feira pela manhã, Joseph Blatter tomou conhecimento da
derrocada, do tumulto e da quase tragédia do Engenhão. Estava na sede da
Fifa (que mais ele tem para fazer?), viu a notícia no site do “El
Pais”, jornal realmente bem-informado. Confirmou em outros órgãos de
comunicação, entrou em desespero.
Maia e Paes, indefensáveis
Só aí telefonou para Jerome Valcke, que não sabia de coisa alguma,
nada surpreendente, aqui mesmo fomos enganados durante 5 anos, o tempo
de “proteção” das empreiteiras-construtoras que podem tudo no Brasil.
Marcaram um almoço a seguir, Blatter perguntou a Valcke: “Ligamos para o
ministro no Brasil?”. E Valcke: “Numa Quinta-Feira Santa?”.
Esqueceram, não se lembraram (precisavam de mais informações) que o
ministro do Esporte é comunista, Semana Santa não representa nada para
ele. Se tivessem falado com Aldo Rebelo, ele pegaria um avião no mesmo
dia, na Sexta-Feira da Paixão estaria na Suíça.
Combinaram que falariam com ele no sábado, a partir daí, não sei o
que acertaram. Mas por intuição, e não informação, Valcke deve estar
chegando. Se não tivesse sido tão vulgar e audacioso, com a frase que
ficou famosa, “o Brasil está precisando levar um pontapé no traseiro”,
Valcke poderia estar repetindo convicto: “Eu não disse, eu não disse”.
BLATTER E VALCKE PENSAM (?)
EM OUTRO PAÍS PARA A COPA
O almoço só terminou no fim da tarde. Já sabiam que o Engenhão estava
fora da Copa das Confederações, iam se informando através da internet.
Blatter mais angustiado, apressado, aloprado, fez a proposta radical.
Valcke, considerando que tudo poderia desabar em cima dele, pediu calma.
E respondeu: “No Brasil, decidimos com mais dados e informações”.
Continuavam horrorizados, admitiam em conjunto: “Como isso pôde
acontecer sem que soubéssemos e tivéssemos qualquer comunicação?”. Foram
se acalmando, não podiam fazer outra coisa. E reconheceram, ao irem
embora: “Minha preocupação agora é com o Maracanã. Sinto que existe
alguma coisa com o estádio, ou lá dentro ou do lado de fora”.
AGORA O PROBLEMA É NOSSO, QUER DIZER:
DE MAIA, DE PAES E DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Há muito que construir em cima do que desconstruíram, mas a
iniciativa tem que ser do Ministério Público. 1 – Apurar por que um
estádio orçado em 60 milhões custou 380 milhões. 2 – Por que foi erguido
para o Panamericano e só agora a opinião pública sabe de alguma coisa? 3
– A irresponsabilidade de Eduardo Paes é tão criminosa quanto a de
Cesar Maia. 4 – O ex-prefeito é especialista em “Palácio das Artes”. 5 –
Já o atual prefeito, premeditou, planejou e executou o ato de
prescrição que isenta as empreiteiras-construtoras de qualquer pagamento
ou indenização. 6 – Só se for a favor delas.
O SOCIALISTA SADDAM HUSSEIN,
AOS 27 ANOS E AOS 50.
Noutro dia disse aqui que em 1961, no Egito, conheci um jovem
socialista, tido e havido como de grande futuro. E que aos 50 anos,
presidente do Iraque, se transformou num tirano cruel e impiedoso, longe
do socialismo. Mas qualquer tentativa de esquecer minhas restrições da
vida toda, contra os propósitos dos EUA, de se tranformarem em xerifes
do mundo, para justificar a invasão do Iraque, inacreditável e sem
sucesso.
Quem tramou tudo para tratar a invasão do Iraque como “defesa
nacional” foi Dick Cheney, o herói sem nenhum caráter (Macunaíma), que
fazia tudo o que Bush mandava. E contou com o apoio total da mídia
americana. Por causa disso, Bush não foi reeleito, governou apenas 4
anos.
HENRIQUE FONTANA
E A REFORMA PARTIDÁRIA
O corretíssimo deputado do PT gaúcho está revoltado. E com toda a
razão. Preside a Comissão de Reforma Partidária, e raríssimos deputados
querem aprovar o assunto. Dos 12 itens levantados por mim e por diversos
comentaristas, nenhum mereceu o menor interesse da Câmara ou do Senado.
Depois, se passar pela Câmara, o que já deixei bem claro, acredito que
não será aprovado.
Segundo Fontana, os deputados só querem esta modificação: proibir
coalizão de partidos em eleição proporcional. Isso é uma vergonha, mas é
apenas um item. A reforma toda, em bloco, é imprescindível e
indispensável.
FERNANDO PIMENTEL: MINISTRO,
CONSULTOR DE MILHÕES, GOVERNADOR
É um dos “abençoados” da República do PT. Ninguém sabia quem era,
alavancado por Lula, chegou logo ao auge. Coordenador da campanha de
Dona Dilma, foi também caríssimo consultor de si mesmo. Falaram que
recebeu 2 milhões em curto prazo. Mesmo assim, ou por causa disso, foi
ministro logo no primeiro dia de Dona Dilma no Planalto.
Parece que não vai parar, a Comissão de Ética “engavetou” seu
processo. Por que hostilizar e julgar um “queridinho” do Planalto.
Esteve envolvido no vergonhoso episódio de Singapura, quando Lula e Eike
Batista tentaram faturar uma empresa poderosa. Perderam, mas as fotos
de Lula se encaminhando para o avião de Eike (com ele ao lado) “valem
mais do que mil palavras”. Uma dessas palavras: governador. Candidato em
Minas, Pimentel deve ser. Eleito? Faltam 20 meses.
O Ministério Público, que pretende continuar investigando (querem
tirar dele esse direito constitucional) não pode se omitir.
Principalmente no Engenhão e em Singapura.
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PS – Tiger Woods novamente o golfista número 1 do mundo. Há mais ou
menos 3 anos, quando foi apanhado em flagrante “viciado em sexo”,
dominou as manchetes do planeta, não pelo lado positivo.
PS2 – Perdeu a mulher, filhos, amigos, prestígio, patrocinadores,
“esqueceu” até como se jogava. Manteve apenas a Fundação Wood, dizem que
seu total era de 1 bilhão. De dólares, lógico.
PS3 – Voltou ao golfe e à condição de número 1. Nike, o único
patrocinador que não o abandonou, publicou vasta matéria paga: “O
importante é vencer”. Tentava desmentir o Barão de Cobertin, mais
notável e imortal do que todos: “O importante é competir”. As duas
afirmações, em julgamento no mundo inteiro.
PS4 – Usain Bolt é a legenda do esporte na atualidade. Principalmente
no atletismo. Nasceu na Jamaica, vive correndo o mundo, mas lá é o
repouso do guerreiro. Estive duas vezes na Jamaica, sempre de passagem.
Uma de 6 horas, esperando para tomar o avião para Cuba, os americanos
não permitiam voo direto. Deu para admirar as ruínas da capital,
incendiada pelo pirata Morgan, por ordens da Rainha Vitoria.
PS5 – A ideia de montar uma pista de 150 metros, em plena praia de
Copacabana, altamente profissional. E permitiu que a multidão na praia e
na Avenida Atlântica pudesse ficar perto desse predestinado Usain Bolt.
O espetáculo é ele, dentro e fora da pista. Que carisma, que domínio
total, que simplicidade.
PS6 – E principalmente a alegria e o prazer de fazer o que ele faz,
de coexistir com o povo. Sem isso, não haveria invenção possível.