Quinta, 4 de julho de 2013
Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A manifestação pacífica na esquina da Avenida
Delfim Moreira com a Rua Aristides Espíndola, no Leblon, zona Sul do
Rio, na noite de hoje (4), registrou um momento de tensão quando
chegaram ao local dois estudantes do grupo que foi recebido pelo
governador Sérgio Cabral na quinta -feira (27) passada, no Palácio
Guanabara, sede do governo do estado.
Os dois foram chamados de infiltrados e um deles, identificado como
Eduardo Oliveira, foi retirado do local por policiais militares do
esquema montado pela PM, que interditou trecho da Rua Aristides
Espíndola, onde mora o governador.
Luiza Dreyer, de 22 anos, integrante do Ocupe a Delfim Moreira,
grupo que inicialmente acampou durante dez dias no cruzamento, disse que
os dois foram recebidos com indignação por que chegaram como se nada
tivesse acontecido. A estudante explicou que os manifestantes que hoje
estavam protestando também contra a retirada dos acampados na madrugada
de terça-feira (2), segundo ela de forma violenta, não se sentem
representados pelo grupo que foi recebido por Cabral.
“Foram reprimidos por todos, por que eles não representam a
manifestação do acampamento e nem a que está aqui contra a repressão que
foi feita para tirar todos os 15 acampados em dez barracas. Eles são os
culpados por a gente ter saído. Depois do encontro que o secretário de
Direitos Humanos [secretário do estado de Assistência Social e Direitos
Humanos, Zaqueu Teixeira] veio falar com a gente, foi marcado um
encontro para cinco dias depois. Eles aproveitaram a oportunidade e
foram falar com o Sérgio Cabral em dois dias sem avisar para a gente,
sem pauta, sem ser aberto à mídia, sem transmissão ao vivo, tudo que a
gente não pregava desde o início. Eles aparecerem aqui é uma verdadeira
cara de pau”, explicou.
O ator Pedro Casarin, de 22 anos, que também fazia parte do grupo
Ocupe a Delfim Moreira, disse que ele e a mãe receberam ameaças no
domingo (23) por permanecerem no local. “Falaram que eu estava correndo
sério risco e estava me expondo muito. Tiraram foto minha. A sensação de
insegurança era real”, disse, acrescentando que não tem a intenção de
acampar outra vez naquele cruzamento.
Pedro também disse que o grupo recebido pelo governador não tinha
relação com os manifestantes que iniciaram o acampamento. “Aquele grupo
não representa o movimento”, informou.