Sábado, 20 de julho de 2013
Por Ivan de Carvalho

E quando parecia que estavam
entrando em férias, retornam os vândalos tentando resgatar, do lixo político em
que mergulhara o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB petista. Aproveitaram-se
de uma grande “manifestação pacífica” em frente ao prédio em que reside o
governador, no sofisticado bairro carioca do Leblon, e no final entraram em
ação para – graças à inacreditável falha do grande aparato policial montado
para proteger o prédio, realizar um quebra-quebra cujo único sentido imaginável
seria transformar o governador de réu em vítima e ajudá-lo no esforço de recuperar-se
política e popularmente, ele que vinha tendo sua saída do Leblon exigida pelos
vizinhos, que não gostavam da movimentação bélica atraída pelos protestos quase
permanentes ante à residência dele.
Imagem da internet
Mas vão-se os vândalos cabralinos
e os de tantas outras “manifestações pacíficas” para que possa ocupar o palco
um outro vândalo, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves,
do PMDB, partido que está, no momento, muito mal relacionado com o governo do
qual é o principal aliado no Congresso. Alves está propondo uma ação do mais
severo vandalismo no ministério da presidente Dilma Rousseff. Pede que sejam
reduzidos de 39 para 25 os cargos de ministro, com o que 14 seriam alijados. Um
horror, que atingiria fortemente, e em um momento de extrema aflição, a
política de quinhões adotada ante a queda do Mensalão e incrementada a partir
de 2011 por Dilma Rousseff. Estratégia para acomodar os partidos aliados e, em alguns
casos, suas correntes internas – a começar pelas correntes internas do PT, o partido
governante.
O governador Jaques Wagner, em
entrevista ao jornal A Tarde,
qualificou de “discurso da direita” a proposta do presidente da Câmara federal,
explicando que o discurso do que ele, governador, chama de “direita” é de
“menos Estado”, enquanto o que a rua está pedindo é “mais presença do Estado e
não menos”. Bem, evidentemente a rua está pedindo mais eficiência do Estado nos
setores de saúde, segurança pública, educação, na ação para melhorar o
transporte coletivo, principalmente urbano e em outros serviços públicos, mas
tudo isto pode ser feito sem o exagero de 39 ministérios. Ou mesmo de 25.
O governador não sabe e também eu
não sei como o deputado Henrique Eduardo Alves fez essa conta sobre o número de
ministérios que julga adequado, mas tenho a impressão (não é uma conta, é uma
intuição, indiscutível por sua própria natureza) de que aquele número de
ministérios que o presidente da Câmara sugere extinguir – os 14 – pode ser um
bom número para os ministérios que permaneceriam. O governo Collor tinha apenas
12.
Claro que as funções de muitos dos
ministérios (considerando apenas os que verdadeiramente têm funções) que fossem
extintos seriam absorvidas pelos que não fossem. Também poderia haver fusões.
Mas...
Mas, nada. A presidente pode mudar
um ministro aqui, outro ali, trocar seis por meia dúzia, quem sabe até mexer na
equipe econômica, que chega a dar pena de tão fraquinha, mas redução expressiva
do número de ministérios, nem pensar. E o presidente da Câmara sabe disso. Ele
pede a redução para passar a impressão de que a presidente não tem coragem de
fazer, da mesma forma que Dilma e o PT insistem no plebiscito inviável para o
que chamam de reforma política. Querem passar a ideia de que o Congresso recusa-se
a dar “voz ao povo”, perguntando-lhe formalmente o que quer.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da
Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.