Quarta, 6 de agosto de 2014
Carlos Newton
Tribuna da Inrternet
O jovem deputado já está com os bens bloqueados desde
segunda-feira, por determinação judicial, acusado de desvio de recursos
públicos na época em que esteve à frente da Secretaria Municipal de Assistência
Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. Quem podia prever que fosse acabar
assim?
Neto de general e cheio de banca, ele costumava convocar a
imprensa e circulava pelas ruas do Rio de Janeiro de peito entufado e usando um
espalhafatoso colete, empenhado numa implacável perseguição a pequenos
comerciantes e camelôs. Demonstrava prazer nessa incansável e desumana tarefa,
alegando que era preciso implantar no Rio de Janeiro a política do “Choque de
Ordem”, e com isso ganhava as páginas da imprensa e os preciosos espaços nos
telejornais. Mas tudo era apenas um factóide, seu interesse na política era bem
outro.
A sociedade brasileira agora deveria agradecer à ex-mulher
do parlamentar, Vanessa Felipe, que arrancou a máscara do ex-marido e
mostrou que na realidade ele é um farsante, apenas mais um criminoso que usa a
política para enriquecer ilicitamente. Mas Vanessa é considerada cúmplice e
também está com os bens bloqueados judicialmente, vejam que situação estranha.
IGUAL
AOS OUTROS
É preciso ficar claro que Bethlem não é nenhuma avis rara.
Pelo contrário, assemelha-se à imensa maioria dos governantes, parlamentares e
autoridades do Brasil, que usam a política apenas como um instrumento, pouco se
importando com o interesse público.
Vamos falar francamente: nosso país é assim mesmo, os
políticos são parecidos com o Hércules Quasímodo imortalizado por Euclides da
Cunha, mas apenas no mau sentido. Antes de tudo, são seres disformes moralmente
e se tornam fortes apenas pela força dos recursos desviados e dos ganhos com a
corrupção.
Aqui no Rio de Janeiro, sabe-se que Bethlem é como o
ex-governador Sergio Cabral e o ainda prefeito Eduardo Paes. Há abundantes
provas de corrupção envolvendo os três, e o que não existe é vontade política
de se fazer justiça. A única diferença entre eles é que Bethlem agiu de forma
infantil e se deixou ser apanhado, enquanto Cabral e Paes seguirão impunes até
o final dos tempos. Este é o retrato da política brasileira, temos de admitir.
Uma espécie de circo dos horrores, em que as pessoas de bem precisam escolher o
candidato menos pior, na hora de votar.