Terça, 8 de setembro de 2015
Do ESQUERDA.NET
Só em Lesbos, que tem cem mil
habitantes, há mais de 20 mil. Atenas pede à Comissão Europeia acesso
ao fundo de emergência destinado a catástrofes naturais. Hungria
anuncia uma segunda vedação de 4 metros de altura para conter os
refugiados, e o ministro da Defesa demite-se por ainda não estar pronta.
UE vai e vem quanto às cotas de acolhimento por país.
8 de Setembro, 2015
Refugiados sírios vindos da Turquia num barco de borracha desembarcam na ilha grega de Lesbos. Foto EPA/KATIA CHRISTODOULOU
Mais
de 30.000 refugiados, na sua maioria sírios que chegaram a Lesbos,
estão concentrados nas ilhas gregas, cuja capacidade de acolhimento está
totalmente ultrapassada, denunciou nesta terça-feira a Agência de
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"Há pelo menos 30.000 refugiados nas ilhas gregas, a grande maioria na ilha de Lesbos, entre 4.500 e 5.000 em Kos, e o resto noutras ilhas menores, e todos estão a tentar chegar ao continente", explicou Melissa Fleming, porta-voz da ACNUR.
A agência denuncia que os cortes dos programas de assistência aos refugiados sírios nos países vizinhos empurra muitos deles a empreender a viagem para a Europa.
O programa de assistência aos refugiados nos países limítrofes, que chega a 4 milhões de pessoas, só conta com 37% dos 4.500 milhões de dólares solicitados, e só neste mês o Programa Mundial de Alimentos (PAM) cortou a assistência alimentar a 229.000 refugiados sírios na Jordânia. Fleming também denunciou que nesta segunda-feira um número recorde de 7.000 refugiados chegou à Macedónia.
O ministro da Imigração grego, Yiannis Mouzalas, que é médico e faz parte da organização Médicos do Mundo, descreveu como miseráveis as condições nas ilhas gregas durante uma visita ao local.
“A situação é intolerável”, disse o presidente da câmara de Lesbos. O governo abriu um segundo centro de receção para acelerar os processamentos burocráticos e deslocou mais barcos para que as pessoas possam chegar ao continente. Mas novas ondas de refugiados, vindos da Turquia, não param de chegar. Atenas pediu à Comissão Europeia acesso ao fundo de emergência destinado a catástrofes naturais.
Ao mesmo tempo, o governo húngaro imprimiu panfletos em inglês em que afirma que “Os húngaros são hospitaleiros, mas serão adotadas as medidas mais fortes possíveis contra os que entrem na Hungria ilegalmente”. E adverte que “atravessar a fronteira de forma ilegal é um crime punível com prisão”.
Durante o dia houve outras tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam que têm de esperar muito pelo processo de identificação. A Polícia chegou a usar gás lacrimogéneo contra os indefesos refugiados.
A imensa maioria dos que entram na Hungria afirma que quer atravessar rapidamente o país para a Áustria e seguir depois para outros países, como Alemanha ou a Suécia.
Mas a Hungria, a República Checa, a Eslováquia e a Roménia rejeitam quaisquer cotas. Na Alemanha, onde a chanceler Merkel multiplica as declarações de que o país vai acolher centenas de milhares de refugiados, começaram a surgir críticas por parte da CSU, ramo bávaro do partido de Merkel, que considera que as declarações do governo sobre a aceitação de tantos refugiados “estão a passar a mensagem errada”. Talvez por isso, Merkel disse esta terça-feira que é tempo de a União Europeia fazer a sua parte.
O The Guardian divulgou uma nova proposta de distribuição das cotas, não-oficial, em que a Alemanha recebe 31.000 refugiados, a França 24 mil, Espanha 14 mil, Polónia 9.200, Holanda 7.200. Nesse mapa, a cota de Portugal seria agora 3.074, depois de inicialmente ser 1.700 e ter passado depois para 1.300.
"Há pelo menos 30.000 refugiados nas ilhas gregas, a grande maioria na ilha de Lesbos, entre 4.500 e 5.000 em Kos, e o resto noutras ilhas menores, e todos estão a tentar chegar ao continente", explicou Melissa Fleming, porta-voz da ACNUR.
A agência denuncia que os cortes dos programas de assistência aos refugiados sírios nos países vizinhos empurra muitos deles a empreender a viagem para a Europa.
A ACNUR denuncia que os cortes dos programas de assistência aos refugiados sírios nos países vizinhos empurra muitos deles a empreender a viagem para a Europa."Estou convencida, porque é isso que me relatam, que muitos refugiados decidiram deixar atrás condições de miséria e de falta de perspetiva e arriscar a vida das suas famílias à procura de uma possibilidade de sobrevivência na Europa", declarou a porta-voz de ACNUR.
O programa de assistência aos refugiados nos países limítrofes, que chega a 4 milhões de pessoas, só conta com 37% dos 4.500 milhões de dólares solicitados, e só neste mês o Programa Mundial de Alimentos (PAM) cortou a assistência alimentar a 229.000 refugiados sírios na Jordânia. Fleming também denunciou que nesta segunda-feira um número recorde de 7.000 refugiados chegou à Macedónia.
O ministro da Imigração grego, Yiannis Mouzalas, que é médico e faz parte da organização Médicos do Mundo, descreveu como miseráveis as condições nas ilhas gregas durante uma visita ao local.
“A situação é intolerável”, disse o presidente da câmara de Lesbos. O governo abriu um segundo centro de receção para acelerar os processamentos burocráticos e deslocou mais barcos para que as pessoas possam chegar ao continente. Mas novas ondas de refugiados, vindos da Turquia, não param de chegar. Atenas pediu à Comissão Europeia acesso ao fundo de emergência destinado a catástrofes naturais.
Segunda vedação na Hungria
Na Hungria, o porta-voz do partido de direita do governo, o Fidesz,
deu uma conferência de imprensa à frente de uma dupla vedação na
fronteira com a Sérvia, a mesma que os refugiados procuram atravessar a
caminho da Áustria e da Alemanha. A segunda vedação, de 4 metros de
altura, está a ser construída nos 175 quilómetros da fronteira, mas o
ministro da Defesa, Csaba Hende, renunciou segunda-feira devido aos
atrasos na obra.Ao mesmo tempo, o governo húngaro imprimiu panfletos em inglês em que afirma que “Os húngaros são hospitaleiros, mas serão adotadas as medidas mais fortes possíveis contra os que entrem na Hungria ilegalmente”. E adverte que “atravessar a fronteira de forma ilegal é um crime punível com prisão”.
O governo húngaro destinou 73 milhões de dólares à construção da barreira, mas nem um tostão para a construção de infraestruturas humanitárias e deslocação de mais funcionários para os postos de fronteiraSegundo a BBC, o governo húngaro destinou 73 milhões de dólares à construção da barreira, mas nem um tostão para a construção de infraestruturas humanitárias e deslocação de mais funcionários para os postos de fronteira, como o de Roszke, onde, cansados de esperar, centenas de refugiados atravessaram as cancelas e empreenderam a viagem para Budapeste a pé (175 quilómetros), até que a polícia os convenceu a regressar.
Durante o dia houve outras tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam que têm de esperar muito pelo processo de identificação. A Polícia chegou a usar gás lacrimogéneo contra os indefesos refugiados.
A imensa maioria dos que entram na Hungria afirma que quer atravessar rapidamente o país para a Áustria e seguir depois para outros países, como Alemanha ou a Suécia.
UE às voltas sem decidir
Entretanto, a União Europeia não se decide em relação ao número de
refugiados que cada país deve receber. O presidente francês, François
Hollande, disse que estavam a ser negociadas cotas de 120 mil refugiados
(atente-se que só neste fim de semana terão atravessado a Hungria 20
mil), e que a França aceitaria 24 mil.Mas a Hungria, a República Checa, a Eslováquia e a Roménia rejeitam quaisquer cotas. Na Alemanha, onde a chanceler Merkel multiplica as declarações de que o país vai acolher centenas de milhares de refugiados, começaram a surgir críticas por parte da CSU, ramo bávaro do partido de Merkel, que considera que as declarações do governo sobre a aceitação de tantos refugiados “estão a passar a mensagem errada”. Talvez por isso, Merkel disse esta terça-feira que é tempo de a União Europeia fazer a sua parte.
O The Guardian divulgou uma nova proposta de distribuição das cotas, não-oficial, em que a Alemanha recebe 31.000 refugiados, a França 24 mil, Espanha 14 mil, Polónia 9.200, Holanda 7.200. Nesse mapa, a cota de Portugal seria agora 3.074, depois de inicialmente ser 1.700 e ter passado depois para 1.300.