Quarta, 2 de setembro de 2015
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil
Pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP) no
Distrito Federal (DF) estão sofrendo pela falta do bosentana, medicamento
importante para o tratamento da doença. Segundo a pneumologista Veronica Amado,
coordenadora do ambulatório de HAP da Universidade de Brasília, a doença é
grave e a falta do remédio pode limitar ainda mais o paciente e, em alguns
casos, levá-lo à morte.
A especialista estima que em todo o DF não chegam a 200 os
pacientes diagnosticados com essa doença rara, que afeta os pulmões. Os
sintomas mais comuns são cansaço progressivo, fadiga e tontura. A doença que,
entre outros fatores, pode ter origem hereditária e associação com outras
doenças como o HIV e cardiopatias congênitas, não tem cura e atinge cerca de 3
mil pessoas no Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia.
Segundo Veronica, a falta do bosentana agrava os sintomas.
“A falta da medicação pode tanto descompensar o paciente, quanto causar mais
limitação nas atividades diárias, higiene pessoal, caminhadas pequenas, que
passam a ser difíceis de executar”. Ela disse que o fornecimento do remédio tem
sido irregular desde o ano passado.
Danilo Torres foi diagnosticado com HAP em 2002. Desde 2010,
há uma forma mais grave da doença. “Este ano, já passei mais de um mês sem
tomar o bosentana. Amanhã, vou buscar o medicamento na farmácia de alto custo e
já sei que não vai ter”.
Torres disse ainda que quando ficou sem o remédio, no
primeiro semestre deste ano, teve que passar mais tempo usando a máscara de
oxigênio em casa. “A gente fica preso, limitado. Sem o remédio, minha vida fica
mais restrita, preciso ficar quase sem me movimentar, evitando esforços ao
máximo para não precisar ser internado”.
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF reconhece que o medicamento
está em falta e diz que há um processo de compra emergencial do produto, mas
não informa o prazo para a regularização dos estoques. A secretaria acrescenta
que disponibiliza medicamentos similares padronizados que podem ser usados no
tratamento. Verônica Amado, diz que não é possível, porém, substituir um
remédio para uma doença tão grave quando o paciente evoluiu com o tratamento.
“Não existe substituto. É uma doença muito complexa, a gente não pode ficar
substituindo quando o paciente evolui bem. São remédios com vias diferentes,
metabolização diferentes”.