Sexta, 15 de janeiro de 2016
"Surpreendeu-me a publicação de uma Carta Aberta subscrita por dezenas de advogados, juristas e professores reclamando de práticas semelhantes em repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias verificado na Operação Lava Jato."
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"Surpreendeu-me a publicação de uma Carta Aberta subscrita por dezenas de advogados, juristas e professores reclamando de práticas semelhantes em repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias verificado na Operação Lava Jato."
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Direito penal da elite
Siro Darlan, Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.
Diariamente uma parte da mídia influencia as decisões judiciais levando
ao povo informações distorcidas que levam ao medo e atos de
discriminação que justificam outras formas de violência como a ação
autoritária de policiais que invadem residências populares sem o devido
mandado, linchamentos públicos, prisões provisórias (45% dos presos
estão em prisão provisória), excessos que passam batidos porque os
prejudicados são pessoas de baixa renda e seus advogados nem sempre têm o
prestígio e o conhecimento necessário para fazer prevalecer seus
direitos.
Surpreendeu-me a publicação de uma Carta Aberta subscrita por dezenas
de advogados, juristas e professores reclamando de práticas semelhantes
em repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias
verificado na Operação Lava Jato. A primeira surpresa, em sendo
verdadeiras, tais alegações, que esse repúdio tenha vindo de quase uma
centena de advogados e não da própria OAB nacional como guardiã das
garantias do exercício da advocacia. A segunda surpresa é em razão
dessas práticas corriqueiras nunca terem sido antes contestadas pelos
respeitáveis e brilhantes juristas brasileiros.
Se vivemos num Estado de Direito, os direitos e garantias não podem ser
seletivos e devem valer para todos. Assim, se é verdade que está
havendo violações às regras mínimas para um justo processo com relação
aos investigados da Operação Lava Jato, não é menos verdade que esses
fatos ocorrem contra investigados e acusados de pouca visibilidade
através de reportagens espetaculosas que lançam parte da população
contra as decisões judiciais ainda que fundamentadas e passíveis de
recursos, quando interessa a parte dessa mídia resultados diversos.

A prática de utilizar-se de noticias plantadas na mídia para criar o
fato criminoso não é novidade nesse cenário de autoritarismo
institucional. Recordo que um grupo de promotores colocou na mídia uma
noticia atribuindo-me a prática de deferir adoções internacionais
irregulares.
Naturalmente
recorri ao judiciário e os promotores foram condenados por tais
injúrias, mas apenas a primeira noticia mereceu manchetes persecutórias,
enquanto até mesmo a Procuradoria do Estado se recusou a buscar dos
condenados o ressarcimento do alto prejuízo causado ao Estado.
Fonte: Blog do Siro Darlan
Fonte: Blog do Siro Darlan