Sábado, 9 de janeiro de 2016
Documentos revelam
que o governo atuou em favor da Andrade Gutierrez na contratação de um
financiamento de US$ 320 milhões do banco estatal, com condições
especiais, na véspera da eleição de 2014
Por THIAGO BRONZATTO - revista Época / Blog do Sombra
Dilma Rousseff e o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em
2013. Segundo a embaixada, a presidente se dispôs a resolver a liberação
do empréstimo ao país africano. ...
Em março de 2013, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o
presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em Durban, na África do Sul,
durante um encontro de países subdesenvolvidos. O assunto era urgente:
um empréstimo de US$ 320 milhões do BNDES. Guebuza, segundo relato que
fez a seus ministros, disse que as exigências impostas para a liberação
do crédito estavam travando as obras de infraestrutura em seu país.
Depois de ouvir atentamente, Dilma se colocou à disposição para
“resolver o assunto”. O teor da conversa foi transmitido por uma das
diretoras da Andrade Gutierrez na África Adriana Ribeiro à então
embaixadora do Brasil em Maputo, Lígia Maria Scherer. As negociações,
porém, não avançaram. Para receber o dinheiro do banco estatal
brasileiro destinado à construção da barragem de Moamba Major, em
Moçambique, o país africano deveria topar abrir uma conta bancária numa
economia com baixo risco de calote. Esse é um procedimento comum nos
financiamentos à exportação do BNDES.