Domingo, 30 de outubro de 2016
Rede Brasil Atual
Milícia do governador Richa marcou
manifestação para desocupar colégio e pais, professores e vizinhos
barraram o “movimento”. Atos de “ocupar a ocupação” serão decisivos
contra os fascistas
Leandro Taques
Ocupações se multiplicam no Brasil. Não será de admirar que o MBL, seja convocado para novas ações truculentas
O Cafezinho –
O MBL, servindo como PM para o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB),
marcou manifestação para desocupar ontem o Colégio Estadual Pedro
Macedo em Curitiba. Indignados com a notícia, centenas de pais,
professores e vizinhos da escola formaram um cordão e expulsaram o MBL a
pontapés.
Num país que desde 2014 presencia falsos movimentos
democráticos sendo usados para enganar a população – MBL, Vem Pra Rua e
Revoltados Online –, todos a serviço dos interesses das elites, é
interessante refletir sobre o significado dessa reação popular. Ela é a
primeira que ocorre desde a criação desses movimentos em 2014 e indica
uma mudança muito expressiva de atitude de parte da população. Vejamos o
assunto de perto.
Diante da primeira iniciativa de “reforma da
Educação” do governo Temer, os estudantes reagiram para evitar a
destruição da educação. Essa reforma segue as diretrizes da Escola sem
Partido, cujo mais ilustre representante é o ex-ator pornô fascista
Alexandre Frota. Ligada a essa reforma, a PEC 241 retirará da educação
quase meio trilhão de reais em 20 anos, segundo estudo da Câmara dos
Deputados.
Frente a isso, os estudantes tiveram de tomar a
defesa da educação. Em poucos dias, mais de mil escolas estavam
ocupadas. Centenas de universidades e escolas técnicas (Ifes), seguiram o
movimento que começou no Paraná. O movimento secundarista, de forma
inédita, indicou a estratégia para as universidades.
O MBL foi chamado (leia-se, R$) para desocupar as
ocupações. É um crime, porque um bem público ocupado só pode ser
desocupado pelo estado, com as instituições públicas pertinentes
(Ministério Público, Conselho Tutelar etc.). Jamais um grupo político
poderia exercer essa função. Mas com a cumplicidade dos juízes, como
todos já sabemos, tudo é possível no Brasil.
Aliás, essa estratégia de desocupação foi imaginada e
posta em prática, primeiramente, em São Paulo por Alexandre de Moraes –
atual ministro da Justiça de Temer – para desocupar escolas usando
apenas a PM (sem o Ministério Público, sem juiz e sem Conselho Tutelar).
Como o governo do Paraná não pode usar a PM, depois da tragédia da
violência contra os professores em abril de 2015, usa o MBL.
O MBL é a PM de Beto Richa. Ou melhor, a milícia de Beto Richa, já que, como os estudantes denunciaram, o MBL está sendo financiado pelo governador para atacar as ocupações.
O MBL é um movimento falso até no nome, que roubou do
MPL (Movimento Passe em Livre), que estava com muita força por ter
iniciado os protestos de 2013. O clone MBL (Movimento Brasil Livre) foi
criado em fins de 2014 para simular três coisas: um movimento de classe
média, um movimento jovem e um movimento liberal-democrático. Em cada um
desses itens ele é falso.
A única coisa verdadeira no MBL é o número de processos de um dos seus principais líderes. Ele e família respondem na justiça à bagatela de 125 processos, como noticiou o Diário do Centro do Mundo. Um atestado maior que esse da credibilidade do movimento é impossível. O MBL sofre de falsidade ideológica aguda. Fake de cabo a rabo, quase nada é real no MBL, como se vê.
Mas entre as coisas que estamos assistindo no Brasil
hoje, o que é real? Uma presidenta sofre impeachment sem crime, num
golpe contra a Constituição, e o STF, a instituição destinada a ser sua
guardiã, afirma que “não há golpe, porque o impeachment está na
Constituição”.
Um grupo de procuradores faz as acusações mais
absurdas contra um ex-presidente, sem qualquer base em fatos e indícios
consistentes, e o procurador chefe diz “não tenho provas, mas tenho
convicção”.
Um usurpador se cerca de gatunos e com um projeto de
privatizar e saquear 24 bilhões de reais do país, junto com uma PEC 241
que irá destruir a Educação, a Saúde, a Previdência, as Aposentadorias,
enfim, tudo, diz que vai “colocar o Brasil nos trilhos”.
O ministro da Educação, logo após tomar posse,
recebeu em seu gabinete Alexandre Frota e o líder dos Revoltados Online
que entregaram a ele o projeto da Escola sem Partido.
A reforma da Educação apresentada por esse ministro,
baseada nesses assessores, gerou uma revolta nacional. As escolas foram
ocupadas, tendo o Paraná saído na frente no movimento de ocupação. E
quem eles chamam para desocupar as escolas? Ninguém menos que o MBL. Uma
matéria do UOL informou o seguinte:
“Uma manifestação convocada pelo MBL (Movimento
Brasil Livre) para a frente do Colégio Estadual Pedro Macedo, no Portão,
bairro da zona sul de Curitiba, foi esvaziada no início da noite desta
sexta-feira (28) por centenas de manifestantes que se reuniram em frente
à escola para ocupar a ocupação.”
Escorraçado pela população indignada, o MBL serviu
para alguma coisa. Mostrou que seus métodos fascistas, suas falta de
caráter e escrúpulos, seu papel de lacaio, já estão desmascarados e que
não mais serão tolerados. A presença da população, pais de alunos,
professores e vizinhos da escola, pode definir uma nova forma de ação de
resistência ao golpe. Na matéria, essa ação foi chamada de “ocupar a
ocupação”. Não fica claro se a expressão surge como liberdade poética do
jornalista ou se, ao ser convocada, já foi designada como um ato para
“ocupar a ocupação”. De todo modo, a expressão parece bem adequada para
dar nome à defesa das ocupações.
As ocupações parecem se multiplicar nesse momento, e
se alastrar para muitos estados no Brasil. Não será de admirar que o
MBL, seja convocado para novas ações truculentas. O apoio da população,
por meio dos atos de “Ocupar a Ocupação” será decisivo para barrar esses
fascistas à serviço dos donos do poder.