Do SindSaúde
Dentro da Secretaria de Saúde (SES-DF) a
corda sempre parece querer arrebentar pelo lado mais fraco. A Pasta tem
tentado se eximir de sua própria responsabilidade e imputar aos
servidores a culpa pelo desaparecimento da base de dados do Forponto.
O sistema, que registra a assiduidade dos trabalhadores, está inoperante desde o dia 20 e a subsecretária de Gestão de Pessoas, Jaqueline Ribeiro, chegou a declarar que a suposta sabotagem seria uma tentativa de apagar faltas injustificadas.
“O Sistema já existe desde 2013 e desde
então não havia uma prática em todos os núcleos de pessoas de se fazer
os descontos dos servidores, principalmente das faltas injustificadas.
De uns dois meses para cá a Administração Central vem fortalecendo junto
às pontas a necessidade de efetuar esses descontos em folha de
pagamento e isso gerou um certo dissabor que pode ser um dos indícios”,
afirmou a gestora em entrevista. Até mesmo a paralisação da Saúde,
promovida pelo SindSaúde-DF no Hospital de Base na última segunda-feira
(24), foi usada como argumento. “Na própria sexta-feira, onde foi
detectada essa sabotagem, havia uma paralisação. Então com o sistema
inoperante a gente não consegue fazer o registro dessas ocorrências,
tanto em faltas injustificadas como o código de paralisação, a gente não
consegue lançar nenhuma dessas informações no sistema”, acusou. (CLIQUE AQUI para ver a entrevista)O sistema, que registra a assiduidade dos trabalhadores, está inoperante desde o dia 20 e a subsecretária de Gestão de Pessoas, Jaqueline Ribeiro, chegou a declarar que a suposta sabotagem seria uma tentativa de apagar faltas injustificadas.
Para a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, a subsecretária tenta tirar do governo a responsabilidade para mais uma vez penalizar os trabalhadores. “As acusações de Jaqueline são tão infundadas, que, para começo de conversa, nossa paralisação aconteceu na segunda-feira, e não na sexta como ela disse, o sistema já estava fora do ar desde a quinta”, lembra. “Além disso, se fosse o servidor querendo esconder suas faltas para não serem descontadas, sumiria o campo da marcação, não o da justificativa, que poderia estar abonando a falta”, rebate.
Marli ressalta ainda que há outas formas
de avaliar os dados perdidos. “Os servidores podem ficar tranquilos,
porque os campos que foram apagados são, principalmente, os das horas
extras. Tudo o que está no Forponto naturalmente está nos
contracheques”, adverte. “Sabe-se perfeitamente quem recebeu porque há
processos e eles são assinados por muitas chefias, inclusive por Eliane
Berg (secretária-adjunta da Saúde). Eles não sumiram, afinal de contas
estamos falando do sistema. A Secretaria de Saúde não pegou fogo, então
se eles quiserem restabelecer os dados, a menos que tenha sido uma ação
deliberada de queima de arquivos, é só consultar esses processos”,
avaliou.
Sobre o registro de faltas injustificadas, Marli afirma que cabe à Pasta agir. “Se um funcionário faltou 40 vezes em um ano sem justificativa e nada aconteceu, existe aí um indício de improbidade administrativa. Mais uma vez, é de responsabilidade da Secretaria”, finaliza.
Inúmeros questionamentos
Para o SindSaúde-DF, as acusações de Jaqueline deixam margem para muitas dúvidas que devem ser respondidas pela Secretaria de Saúde. Quantos servidores tiveram faltas indevidas descontadas no último mês? E de quais carreiras? O sistema só é acessado pela SES-DF? Se sim, não é possível identificar de onde partiu a invasão? Se a perda de dados é apenas a partir de quinta passada, por que o sistema ainda não foi restabelecido? A Pasta está migrando seus sistemas para a Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC/SEPLAN), o Forponto não está nessa migração?
No caso da polícia e Ministério Público detectarem má gestão e improbidade, a quem a SES-DF teria que proteger? Seria uma subsecretária e seus fiéis escudeiros? Por que estão periciando os backups? Será que os deletaram e construíram outros em cima? Alguém está com medo dos órgãos que investigam chegarem a um grande esquema?
Enquanto sindicato, não é nosso papel investigar, porém levantamos esses questionamentos e esperamos que sirvam de indicativos no trabalho dos órgãos competentes.