Segunda, 24 de outubro de 2016
André Richter - Agência Brasil
A Polícia Federal suspeita que o empresário
Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, usava os codinomes
“amigo”, "amigo de meu pai” e “amigo de EO [Emílio Odebrecht, pai de
Marcelo]” para se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A afirmação está no relatório de indiciamento do ex-ministro Antônio Palocci,
enviado hoje (24) ao juiz federal Sérgio Moro. De acordo com os
investigadores, os codinomes eram usados por Odebrecht em conversas com
terceiros.
Em um dos trechos do documento, a PF diz que a
investigação das planilhas apreendidas revelou “que os pagamentos no
total de R$ 8 milhões foram debitados do saldo da conta-corrente da
propina que correspondia ao agente identificado pelo codinome de
“amigo”.
A PF diz no relatório que há “respaldo probatório e
coerência investigativa em se considerar que o termo “amigo” faz
referência à Lula.
O delegado Felipe Pace, responsável pelo
inquérito sobre Palocci, afirmou no documento que a investigação sobre
“a responsabilidade criminal do ex-presidente da República” não é feita
pelo grupo de trabalho da Lava Jato, do qual ele faz parte, mas por
outro delegado, Márcio Anselmo, que já investiga Lula.
Saiba Mais
“Luiz
Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de “amigo de meu pai”
e “amigo de EO”, quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também,
por “amigo de seu pai” e “amigo de EO”, quando utilizada por
interlocutores em conversas com Marcello Bahia Odebrecht”, diz o
relatório da PF.
Em nota, a defesa de Lula afirmou que os
investigadores da Lava Jato não apresentam provas contra o ex-presidente
e se baseiam em “convicção” e de achismos” para acusá-lo.
“A
Lava Jato não apresentou qualquer prova que possa dar sustentação às
acusações formuladas contra o ex-Presidente Lula. São, por isso, sem
exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare, ou seja, da manipulação
das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição
política. Na falta de provas, usa-se da “convicção” e de "achismos”,
afirmam os advogados.
Propina
No despacho
em que Palocci foi indiciado, a PF afirmou que a empreiteira comandada
por Marcelo Odebrecht tinha uma “verdadeira conta-corrente de propina”
com o PT. Para os investigadores, a conta era gerida pelo ex-ministro.
Segundo
os investigadores, os pagamentos ao ex-ministro eram feitos por meio do
Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, setor responsável pelo
pagamento de propina a políticos, em troca de benefícios indevidos no
governo federal.