Terça, 25 de outubro de 2016
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Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil
Uma
manifestação contra a proibição das vaquejadas reúne hoje (25), na
Esplanada dos Ministérios, vaqueiros e cavalos vindos de diversos
estados.
Com faixas e um carro de som posicionado próximo ao
Congresso Nacional, vaqueiros e empresários do setor negam que a prática
signifique maus tratos aos animais e afirmam que, além de elemento da
cultural, a atividade é fonte de geração de emprego e renda.
A
organização do evento diz que cerca de 700 caminhões de transporte de
animais e 6 mil pessoas vieram a Brasília para a manifestação. São dois
mil animais, principalmente cavalos.
No último dia 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada no estado. Com o entendimento do STF, a prática passou a ser considerada ilegal, relacionada a maus-tratos de animais.
No último dia 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada no estado. Com o entendimento do STF, a prática passou a ser considerada ilegal, relacionada a maus-tratos de animais.
O vaqueiro Clayton
Araújo, 35 anos, vive em Paratinga (BA) e quer o retorno da vaquejada
que ele conta fazer parte da história de sua família e diz ser um
elemento cultural para muitos nordestinos. Segundo Clayton, a vaquejada
mudou ao longo dos últimos anos e hoje são tomados cuidados para evitar
maus-tratos aos animais.
“Existe toda uma vida por trás disso. Eu
nasci e me criei dentro dela, meu avô era vaqueiro, meu pai é vaqueiro.
Não envolve só o emprego, envolve toda uma cultura, raiz, criação. Já
houve maus-tratos; quando comecei a correr existia a pista dura que
maltratava o boi, hoje a pista é de areia, existia chiar o boi que era
derrubar e arrastar e isso hoje não acontece mais. E também existia
correr bezerro e hoje, na vaquejada regularizada, isso é proibido. Agora
usamos o protetor de cauda”, disse.
Vaquejadas sustentam famílias
Ele
diz que a vaquejada é uma forma de sustento para muitos e proibir a
prática vai causar impacto em pequenas e grandes cidades a trabalhadores
como tratadores, vaqueiros e motoristas.
De acordo com a
Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (Abqm) e a
Associação Brasileira de Vaquejadas (Abaq), anualmente, são realizadas
cerca de 4 mil vaquejadas no país, a maioria no Nordeste, que geram 700
mil empregos diretos e indiretos.
As associações afirmam que, nos
últimos 10 anos, a atividade passou por regulamentação para garantir a
segurança dos competidores e dos animais e defendem que, ao invés de
vedar a regulamentação da prática, o caminho é adotar medidas que
garantam a continuidade da vaquejada.
O proprietário do Parque
Leão de Vaquejada, em Brasília, Raul Leão, diz que medidas adotadas nos
últimos anos - como o uso do protetor de cauda e da cama de areia onde o
animal é derrubado - evitam sofrimento. Para Leão, o que deve ser
combatida é a prática clandestina da atividade que ocorre sem a adoção
da regulamentação necessária.
O empresário diz que o impacto
econômico que o fim da atividade gera atinge toda uma cadeia produtiva
como de produção de selas, rações e medicamentos.
“Esperamos que o Supremo seja sensibilizado pelos efeitos que essa decisão vai causar a esses 700 mil empregos. Foi lamentável ter ocorrido esse julgamento sem ter uma audiência pública para debater o que a vaquejada representa para o país”, disse Raul Leão.
“Esperamos que o Supremo seja sensibilizado pelos efeitos que essa decisão vai causar a esses 700 mil empregos. Foi lamentável ter ocorrido esse julgamento sem ter uma audiência pública para debater o que a vaquejada representa para o país”, disse Raul Leão.
Os caminhões que transportaram os
animais passam o dia estacionados nas faixas ao longo dos meios fios da
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e provocaram engarrafamento na
região central da cidade pela manhã.
Ao longo do dia, os
integrantes do movimento participam de uma missa na Catedral de Brasília
e de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. As atividades vão
terminar com um show à noite, na Esplanada.
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