Quarta, 9 de maio de 2012
Carlos Newton
Como dizia o Barão de Itararé, era só o que faltava. No desespero
para tentar se defender no Conselho de Ética do Senado, Demóstenes
Torres (ex-DEM-GO) agora esquece que foi autor de proposta que inclui
fatos anteriores ao mandato entre os que permitem a abertura de processo
por quebra de decoro de congressistas.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, vulgo Kakay, que defende
o senador Demóstenes, está usando argumento oposto para pedir o
arquivamento de processo no Conselho de Ética. Ele simplesmente repete a
defesa de Jaqueline Roriz, que escapou da cassação argumentando que
seus atos de corrupção foram cometidos antes de assumir o mandato, vejam
só a que ponto caiu a política nacional.
No caso de Demóstenes, a tentativa chega a ser patética. Na defesa
prévia já encaminhada ao Conselho de Ética, os advogados do escritório
de Kakay argumentam que parte dos fatos listados na representação contra
Demóstenes ocorreram antes do atual mandato, o que impediria a abertura
do processo.
A defesa protesta com veemência, ora vejam só, justificando que a
instauração do processo para apurar fatos ocorridos fora do exercício do
mandato “viola frontalmente a Constituição”, segundo reportagem de
Gabriela Guerreiro, na Folha.
Mas acontece que as gravações dos emocionantes diálogos entre
Demóstenes e o empresário-bicheiro Carlinhos Cachoeira foram feitas
durante o exercício do mandato, e não faltam atos desabonadores e de
corrupção da pesada, cometidos pelo senador goiano. É o que mostram os
grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, com intensa troca
de telefonemas entre o senador e Cachoeira (quase 300 ligações em menos
de um ano).
Traduzindo: Demóstenes Torres não tem salvação. Será cassado e não se
elegerá nem mesmo síndico do prédio onde comprou apartamento em
Goiânia, às custas de Cachoeira, é claro.
Fonte: Tribuna da Internet